A razão é bem simples: esses sinais, se existirem,chegariam até nós muito atenuados e, ainda por cima, acabariam misturados à interferência gerada pelos nossos sinais de rádio, TV e radar. O que a SETI normal busca é um "farol" -- uma fonte de rádio extremamente poderosa, montada por uma civilização avançada com o objetivo explícito de estabelecer comunicação interplanetária.
O problema da busca por faróis é, evidentemente, o fato de que a própria existência desse tipo de mecanismo é ainda mais duvidosa que a existência de civilizações extraterrestres. O simples investimento em energia para manter um sinal desses ligado de forma contínua é assustador, ao menos para os nossos padrões.
Mas tudo isso pode mudar. Os planos de criação do SKA -- um conjunto de milhares antenas de radiotelescópio com uma área combinada de 1 quilômetro quadrado, a ser construído na Austrália ou na África do Sul -- finalmente põem a possibilidade de encontrar telenovelas alienígenas vagando pelo espaço ou, se não a programação regular, ao menos sinais com força comparável ao dos atuais radares militares terrestres.
O problema, de acordo com artigo a ser publicado no International Journal of Astrobiology, é que o SKA pode estar chegando tarde demais. Motivo: se o desenvolvimento das telecomunicações na Terra servir de modelo para o que ocorre no resto da galáxia (mesmo não servindo, é o único modelo que temos), civilizações têm um período furioso, mas curto, de emissão de rádio.
Depois, vem o silêncio -- ou, ao menos, uma redução brutal no vazamento de sinais de rádio para o espaço, trazido pela adoção de tecnologias mais eficientes, como a transmissão digital.
Os autores do artigo estimam que uma civilização deve se manter "bisbilhotável" por cerca de 100 anos, e calculam que um equipamento como o SKA seria capaz de captar vazamentos de rádio gerados a até 100 parsecs, ou 326 anos-luz. Mais algumas contas e simulações e a probabilidade encontrada de duas civilizações se acharem por meio de vazamento de rádio fica em 0,00005%. Isso é menos que a chance de a civilização ser destruída por um impacto de asteroide.