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Anões brasileiros são prova: hormônio de crescimento não prolonga vida

Estudos anteriores relacionavam produção do hormônio com tempo de vida; kits antienvelhecimentos com GH prometiam rejuvenescer.

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Por root
Atualização:

Anões brasileiros ajudaram pesquisadores da Johns Hopkins University School of Medicine a derrubar uma ideia espalhada nos anúncios de kits antienvelhecimento. Pessoas com deficiência severa do hormônio de crescimento humano, o GH (growth hormone), podem ter o mesmo tempo de vida de pessoas com níveis normais - diferente do que alguns pesquisadores têm sugerido.

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O GH é produzido pela glândula hipófise e atua no crescimento desde o nascimento até o fim da puberdade, estando presente em adultos na manutenção de outras atividades. Muitos pesquisadores especulavam que o hormônio poderia retardar o processo de envelhecimento.

Estudos anteriores sugeriram que ratos induzidos a não produzir o hormônio de crescimento de forma eficiente tiveram o seu tempo de vida prolongado. Outros mostraram que pessoas com baixo nível de GH (por lesão cirúrgica ou radiação) tinham mais tendência a desenvolver doenças cardiovasculares - algo que poderia indiretamente comprometer o tempo de vida de uma pessoa. Entretanto, estes pacientes também tiveram a produção de outros hormônios diminuída, o que poderia dar margem para conclusões erradas.

Para piorar, o GH começou a ser apontado como um superantienvelhecimento, principalmente na internet: a fórmula mágica da vida longa. Suplementos com o hormônio passaram a ser vendidos com o intuito de reduzir sinais físicos do envelhecimento.

Para colocar os pingos nos is, os pesquisadores estudaram 65 anões brasileiros da cidade de Itabaianinha, em Sergipe, onde moram 80 pessoas com menos de 1,30m. Cada um tem duas cópias de um gene mutante, responsável pela liberação de GH, levando a uma deficiência grave a congênita na produção do hormônio. O resultado desta mutação é pouca estatura, aparência facial infantil e vozes agudas.

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Depois de realizar testes genéticos para confirmar a presença desta mutação, a equipe coletou dados de nascimento e datas de morte de anões e 128 irmãos afetados em 34 famílias. Compararam então estes períodos de vida e taxa de mortalidade com os da população local. A duração da vida só ficou um pouco mais baixa entre os anões em função de cinco mulheres - quatro das quais morreram por distúrbios no intestino. Quando excluídas da comparação, o tempo de vida era o mesmo.

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