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Indústria usa advergames para promover maus hábitos alimentares

Estudo norte-americano mostra que, se propagandas na TV já não rendem os mesmos efeitos como antigamente, o alvo pode ser outro.

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Por root
Atualização:

Nada parece ser um empecilho para as indústrias das "junk foods" (comida-lixo, na tradução literal do inglês). Um novo estudo conduzido pela Universidade da Califórnia, Davis, nos EUA, mostra que se as propagandas na televisão já não rendem os mesmos efeitos como antigamente, o alvo pode ser outro. E até mais apelativo.

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Junte propaganda e videogame. Terá o advergame (em inglês, uma fusão das palavras advertise = propaganda e videogame), uma estratégia de marketing que usa os jogos eletrônicos para promover marcas, produtos e - porque a ideologia ainda não morreu... - pontos de vista. Por meio dela, as crianças são submetidas a longos períodos diante de um apelo. No caso da alimentação, comidas nada saudáveis.

De acordo com os pesquisadores, governos precisam ajustar a regulamentação das empresas de alimentos neste aspecto. "Nós sabíamos, com base em nossas pesquisas anteriores, que a publicidade de alimentos na programação de TV para crianças é dominada pelo opções altamente gordurosas, cereais com elevados níveis de açúcar e doces", diz Diana Cassady, autora sênior do trabalho. "Ao mesmo tempo, observamos uma grande quantidade de propaganda na TV que inclui sites corporativos, e nós quisemos saber como estes sites estavam sendo usados para comunicar às crianças sobre o alimento".

Batata-frita é o herói

Para chegar aos resultados, a equipe analisou detalhadamente as propagandas de sites de restaurantes, bebidas e alimentos anunciadas nos canais infantis Cartoon Network e Nickelodeon, entre agosto de 2006 e março de 2007. A observação foi focada nos horários de maior audiência.

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Depois, os pesquisadores analisaram 19 sites e as mensagens transmitidas em 290 páginas de internet e 247 web advergames. Um terço das propagandas era voltada a comidas, a estratégia mais usada para ter retorno de visitas foi o uso de advergames (84% dos sites tinham); todos os advergames tinham pelo menos um identificador da marca, como logos; apenas uma mensagem de nutrição ou atividade física existia para cada 45 logos.

"Fui surpreendido pela frequência com que logos e produtos alimentícios foram integrados aos jogos", diz Jennifer Culp, diretora do programa de nutrição da universidade. "Alguns jogos, por exemplo, usaram doces ou cereais como peças do jogo. Em outros, um código especial que era só disponível para quem comprasse um cereal específico era necessário para passar para outras fases do jogo".

Segundo os autores do trabalho, os advergames são um meio de promover estas comidas que poucos benefícios trazem à saúde. A preocupação soma-se ao fato de que a cada ano, uma porcentagem ainda maior da população mundial está se tornando obesa. "Não podemos correr o risco de uma nova geração de jovens de alto risco para doenças crônicas relacionadas aos maus hábitos alimentares", ressalta Cassady. Enquanto o governo não regula direito, papais e mamães devem ficar atentos.

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