A recuperação de um paciente que sofreu um AVC, acidente vascular cerebral, depende muito da região do cérebro afetada e do dano que uma isquemia ou hemorragia causou ao órgão. Entretanto, neurologistas da Washington University School of Medicine-St. Louis, EUA, desenvolveram um mecanismo que permite prever melhor os efeitos do derrame e outras lesões cerebrais através de uma adaptação na abordagem de varredura desenvolvida para o estudo da organização do cérebro.
O exame de conectividade funcional (CF) de cérebros em repouso pode revelar a saúde das redes cerebrais que permitem conexões entre diferentes partes do cérebro. Utilizando o método, cientistas associaram danos causados na rede neural e a incapacidade dos pacientes.
"Médicos que tratam lesões cerebrais precisam de novos marcadores da função cerebral que possam prever os efeitos do dano, o que ajuda a determinar o tratamento e avaliar os seus efeitos", diz Maurizio Corbetta, professor de neurologia, radiologia e neurobiologia. "Esse estudo mostra que as varreduras FC são uma forma potencialmente útil de obter esse tipo de informação".
As varreduras para o FC são realizadas com scanners de ressonância magnética, permitindo aos pesquisadores a observação das alterações dos fluxos sanguíneos em diferentes regiões do cérebro. Durante os períodos de inatividade mental, o fluxo nas regiões que estão relacionadas em geral tende a subir e descer em sintonia.
O trabalho com 23 pacientes de AVC mostrou que danos que interromperam conexões de redes entre regiões de diferentes lados do cérebro levam a maiores prejuízos funcionais do que em lesões que afetam conexões entre as regiões do mesmo lado do cérebro. Por exemplo: lesões de um derrame no lado esquerdo do cérebro podem levar a problemas como o controle do braço direito, mas, as perdas podem ser bem piores se o lado esquerdo foi afetado de forma a interromper conexões com o lado direito.
"Não é errado dizer que um lado do cérebro controla o lado oposto do seu corpo, mas estamos começando a perceber que isso simplifica as coisas", diz Alex Carter, professor assistente de neurologia e um dos autores do trabalho. "Está começando a parecer que o bom funcionamento exige os dois hemisférios, competindo por atenção, empurrando um contra o outro para, assim, alcançar algum tipo de equilíbrio".
O trabalho aparece na edição de março de Annals of Neurology.
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