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Análise de carbono em amostra lunar sugere outras origens do material

O carbono detectado na amostra data de 3,8 bilhões de anos, época de fortes bombardeios de meteoritos na superfície lunar.

Por taniager
Atualização:

Cientistas da NASA realizaram uma nova análise em uma amostra coletada pela Apollo 17 em 1972, na área Mare Serenitatis da Lua. O carbono então detectado na amostra data de 3,8 bilhões de anos, época de fortes bombardeios de meteoritos na superfície lunar. O resultado da análise descartou a suposição dos cientistas de que os vestígios de carbono teriam sido levados ao nosso satélite natural pelo vento solar.

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Um pouco do grafite revelado pelo novo estudo apareceu em uma forma rara conhecida como "whiskers" de grafite - estruturas longas e finas de carbono, como fios de cabelo - que os cientistas acreditam terem se formado nas reações de temperatura muito alta iniciadas pelo impacto de meteorito. A descoberta também significa que a Lua guarda potencialmente um registro da entrada de carbono por meteoros dentro do sistema Terra-Lua, quando a vida estava apenas começando a surgir na Terra. A pesquisa foi publicada na edição de 02 de julho da revista Science.

Andrew Steele, da Instituição Carnegie para a Ciência Washington, D.C., EUA, e autor responsável pelo estudo, explica que o Sistema Solar era caótico há 3,9 bilhões de anos. Terra e Lua eram bombardeadas por meteoritos e o calor produzido pelo choque vaporizava a matéria volátil - compostos como água e elementos como o carbono.  Estes materiais foram fundamentais para a criação da vida na Terra.

Como os materiais que caíram na Terra também caíram na Lua, por compartilharem ambos os corpos a mesma gravidade, a amostra em questão é a representante fiel de uma página intocada do passado da Terra, antes de as placas tectônicas e outras forças apagarem o material de carbono antigo de sua história. A afirmação é de Marc Fries, quem conduziu a pesquisa no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, sigla em inglês) da NASA, Pasadena, Califórnia.

A nova técnica utilizada na análise, conhecida como espectroscopia Raman, permite aos cientistas não apenas entender a composição, mas também criar uma imagem dos minerais. Através dela, grafite e "whiskers" de grafite foram detectados. Os whiskers de grafite apresentavam uns poucos micrômetros de diâmetro e até cerca de 10 mícrons de comprimento.

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Os cientistas descartaram a possibilidade de que o grafite era um resultado de contaminação, porque os whiskers de grafite, em particular, são formados sob condições muito quentes, entre 1.000 e 3.600 graus Celsius (1.273 a 3.900 Kelvins). Eles também descartaram o vento solar como fonte, porque o grafite e os whiskers de grafite eram muito maiores do que o carbono depositado pelo vento solar. Ainda mais: enquanto a contaminação ocorria em toda a amostra, o grafite ficou restrito a uma área distinta enegrecida da amostra.

"Acreditamos que o carbono que nós detectamos ou pode ter vindo do objeto que formou a depressão no impacto, ou se condensou do gás rico em carbono que foi lançado durante o impacto", disse o co-autor Francis McCubbin, da Instituição Carnegie, EUA.

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