O uso de uma terapia cognitiva-comportamental para tratar os tiques na síndrome de Tourette também pode ser eficaz e até mesmo superior ao medicamento em alguns casos. Um novo estudo realizado por pesquisadores do Centre de Pesquisa Fernand-Seguin do Hospital Louis-H. Lafontaine, afiliado à Universidade de Montreal, Canadá, observou que a terapia tem efeitos não só em tiques, pensamentos e comportamentos, mas também sobre a atividade do cérebro.
Um dos pesquisadores da equipe de estudo, Marc Lavoie, argumenta que a descoberta poderia ter um grande impacto sobre o tratamento desta doença. "Em alguns casos, medidas fisiológicas poderiam melhorar a terapia a fim de moldá-la conforme o tipo específico de paciente".
A síndrome de Tourette é uma desordem neuropsiquiátrica complexa caracterizada por tiques motores e fônicos que se agrava durante a infância com um pico na idade de 11 anos. A doença afeta de 0,05% a 3% das crianças em idade escolar e pode persistir, em alguns casos, até a idade adulta.
Em experimento com adultos, a terapia mostrou ser eficaz na reconstrução cognitiva e na modificação comportamental e fisiológica. Os resultados demonstraram uma diminuição significativa dos tiques e, o mais importante, foi possível observar uma normalização da atividade cerebral quantificável, relacionada à melhoria dos sintomas em pacientes com a síndrome.
A originalidade dos resultados do estudo endossou a presença de uma mudança cerebral mensurável como resultado destas mudanças cognitivas e comportamentais. Enfim, a terapia permite uma reconstrução cognitiva e também uma mudança comportamental e fisiológica. O estudo é o primeiro a demonstrar os efeitos fisiológicos de uma terapia cognitiva-comportamental em pacientes com a síndrome Gilles de la Tourette.
O artigo do estudo « Neurocognitive changes following cognitive-behavioral treatment in the Tourette syndrome and chronic tic disorder" por Lavoie, M.E., Imbriglio, T.V., Stip, E., O'Connor, K.P. foi publicado recentemente na revista International Journal of Cognitive Psychotherapy.