Pesquisadores da Universidade de Wisconsin-Madison, EUA, desenvolveram um método químico novo e promissor para liberar moléculas de açúcar presas dentro da biomassa de plantas não-comestíveis, um passo fundamental na criação de biocombustível a partir da celulose. O processo apresenta algumas vantagens sobre as técnicas existentes, pois dispensa o uso de enzimas para decompor estes açúcares.
A nova abordagem depende de uma mistura de líquido iônico e diluição em ácido para dissolver longas cadeias de açúcar em biomassa, separando em moléculas individuais de glicose e xilose. No decorrer da reação, a água é adicionada à mistura para evitar a formação de substratos indesejados.
De acordo com os pesquisadores, que apresentaram o trabalho hoje no Proceedings of the National Academy of Sciences, é possível converter três quartos de açúcares de híbridos de milho bruto em açúcares simples e fermentáveis, sendo uma atraente alternativa para a produção de biocombustível.
Após dois ciclos de tratamento, uma amostra de híbridos de milho rendeu aproveitou 70% de sua glicose e 79% de sua xilose, um açúcar de 75% do rendimento total. A partir daí, os pesquisadores usaram cromatografia de exclusão iônica para separar açúcares da mistura, bem como o líquido iônico para sua reutilização.
Depois, os pesquisadores utilizaram micróbios para fermentar os açúcares que eles coletaram do etanol. Usando o novo processo integrado, conseguiram converter a metade de açúcar disponível na biomassa vegetal e transformá-la em combustível líquido.
Para tornar a técnica comercialmente viável, contudo, uma série de obstáculos ainda precisa ser superada, especialmente no que diz respeito à recuperação quase perfeita do líquido iônico (caro).
Corrida pelo biocombustível
Trabalhando sob um forte mandato federal, norte-americanos estão desenvolvendo uma nova geração de biocombustíveis a partir de matérias vegetais não-comestíveis, como resíduos de milho, gramíneas e lascas de madeira.
Ao contrário da maioria do etanol no mercado hoje, os chamados biocombustíveis de celulose não seriam provenientes de fontes de alimento, potencialmente reduzindo os efeitos sobre recursos alimentares.
Mas a estrutura complexa de material vegetal mantém a energia do açúcar da celulose presa em teias emaranhadas, fazendo com que o processo de conversão em combustível seja difícil. Nos últimos anos, cientistas têm tentando encontrar enzimas que decomponham os açúcares de forma mais eficiente, abrindo a porta para a produção comercial de combustível a partir da celulose.
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