Usando dados de uma pesquisa realizada em 1960, envolvendo cerca de 2400 crianças do ensino fundamental e etnicamente diferentes no Havaí, os pesquisadores comparam as classificações de personalidade com entrevistas filmadas de 144 destes indivíduos - 40 anos depois.
"Nós permanecemos reconhecidamente a mesma pessoa", ressalta Christopher S. Nave, autor principal do estudo. "Isso diz sobre a importância da compreensão da personalidade, pois isto realmente nos segue aonde quer que seja, através do tempo dos contextos".
Para chegar a esta conclusão, a equipe examinou os indivíduos de acordo com quatro atributos de personalidade: fluência verbal, capacidade de adaptação, impulso e retenção. Eles observaram que crianças muito articuladas, tagarelas ao extremo, tendiam a se tornar adultos de meia idade muito hábeis em questões intelectuais: falam bem, tentam controlar situações, exibem um elevado grau de inteligência. Crianças mais caladas tendem a pedir mais conselhos quando adultas, tendendo à desistência e exibem um estilo um tanto quanto desajeitado socialmente.
Pequenos altamente adaptáveis, que enfrentavam facilmente e com sucesso situações novas, tenderam a se tornar adultos alegres, articulados e com interesse por assuntos intelectuais. Crianças com dificuldade de adaptação se tornaram adultos mais negativos em relação ao que são, procurando conselhos e exibindo um estilo um pouco antissocial.
Quem era impulsivo (e talvez "impossível" para papais e mamães) tendeu a se transformar em um adulto que fala muito e mais alto, com interesses variados. Baixa impulsividade indicou medo e timidez na fase adulta. Na meia idade, estes indivíduos se tornaram mais fechados e com maior dificuldade de se comunicarem.
Os que tinham sido caracterizados por uma humildade elevada tendem a se tornar adultos que expressam culpa constante, pensamentos negativos acerca de si mesmos e insegurança. Adultos que na infância eram pouco humildes falam mais alto, mostram interesse por questões intelectuais e exibem comportamento condescendente.
É certo que alguns eventos na vida podem ser capazes de transformar muita coisa dentro de uma pessoa. Entretanto, os pesquisadores afirmam que a personalidade reside como parte da nossa própria biologia.