Há cinco moléculas que conhecidamente afetam ou causam o mal de Alzheimer, e especialistas do mundo todo estão tentando associar estes alvos com fatores como a alimentação e estilo de vida. Agora, o pesquisador Daniel Michaelson, da Universidade de Tel Aviv, parece ter dado um passo adiante ao fornecer mais dados sobre a molécula APOE - uma lipoproteína criada pelo gene apolipoproteína E, que pode ser influenciada pela ingestão de óleos provenientes dos peixes.
De acordo com o pesquisador, a APOE surge em duas formas - a boa e a ruim (conhecida como APOE4). Michaelson desenvolveu um modelo animal para investigar os efeitos da alimentação e ambiente na molécula "maléfica", considerada um fator de risco para a doença, já que aparece em pelo menos metade dos pacientes com este tipo de demência.
Resultados preliminares da pesquisa mostram que uma alimentação rica em ômega 3 e pobres em colesterol parecem diminuir significativamente os efeitos negativos do gene APOE4 em ratos.
Exercício nem "tão" saudável assim
Estudando as diferenças entre as variantes boas e ruins do gene, a equipe observou que enquanto um ambiente rico e estimulante (com vários tubos e rodas para os animais se exercitarem) é "bom" para quem carrega o APOE, o mesmo quadro pode causar efeitos negativos em pessoas que carregam o gene APOE4. No primeiro caso, a molécula estimula a formação de conexões neurais, ao passo que, em animais com a versão "ruim, o ambiente podia causar a morte de neurônios.
"Condições que são geralmente consideradas boas podem ser ruins em ratos que carregam o gene APOE4", explica Michaelson, que é membro do departamento de neurobiologia na universidade. "Extrapolando isso para a população humana, indivíduos com o gene ruim APOE4 são mais suscetíveis ao estresse causado pelo ambiente que estimula o cérebro".