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Proteínas de doenças se aglomeram durante envelhecimento saudável

Muitas das proteínas presentes nas placas que caracterizam doenças degenerativas se agregam como caminho normal em indivíduos saudáveis.

Por root
Atualização:

Doenças neurológicas degenerativas, como o Alzheimer ou o Parkinson, são caracterizadas pelo acúmulo de proteínas insolúveis no cérebro, como as conhecidas placas de beta-amiloide que se depositam nas redes nervosas em pacientes com o tipo mais comum de demência. Entretanto, de acordo com pesquisadores da Universidade da Califórnia, Irvine, nos EUA, muitas destas proteínas presentes em pequenas proporções nas placas destas doenças realmente se agregam como caminho normal do envelhecimento de indivíduos saudáveis.

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A descoberta, pelo estudo da lombriga C. elegans, refuta a crença generalizada de apenas proteínas associadas a cada doença são responsáveis pelos danos. A pesquisa mostra que diversas proteínas solúveis comuns, como as responsáveis pelo crescimento, podem se tornar insolúveis e formar os agregados perigosos com a idade. Além disso, o trabalho indica que a manipulação genética poderia prevenir a aglomeração das mesmas ao longo dos anos.

"Se você pegar pessoas com Alzheimer e olhar para os agregados, verá que existem muitas outras proteínas na placa que ninguém prestou muita atenção", diz Cynthia Kanyon, autora sênior do trabalho que aparecem na edição de 11 de agosto da PLoS Biology. Segundo a equipe, metade destas proteínas é convertida em tipos de proteínas insolúveis com a idade.

Aglomerados em vermes

Há tempos a presença de placas de proteínas insolúveis tem sido reconhecida como um indicador de doenças neurodegenerativas como o Alzheimer, doença de Huntington ou esclerose lateral amiotrópica. No entanto, os pesquisadores lançaram a dúvida: será que mesmo proteínas normais poderiam formar aglomerados insolúveis durante o envelhecimento?

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A equipe identificou quase 700 proteínas na lombriga C. elegans que se tornam insolúveis enquanto o animal envelhece, responsáveis então pelo depósito que se observa em humanos com doenças degenerativas. O mais interessante é que mesmo vermes que envelheciam de forma saudável apresentavam proteínas propensas à aglomeração e formação de estruturas endurecidas. Os pesquisadores notaram que muitas delas já tinham sido relacionadas ao processo de envelhecimento e doenças. 

Abordagem terapêutica para C. elegans

É claro que existem diferenças significativas entre lombrigas e seres humanos. Entretanto, este animal tem fornecido importantes avanços na compreensão da nossa própria biologia, especialmente em áreas como o mecanismo de morte células, vias da insulina, genes do câncer e envelhecimento.

Mais: mostrou que a agregação de proteínas insolúveis poderia ser retardada ou interrompida pela redução da insulina e atividade do hormônio IGF-1 - cuja diminuição é conhecida por prolongar a vida animal e retardar doenças de Huntignton e Alzheimer em roedores.Experiências com a C. elegans mostraram que o bloqueio da atividade de um único gene - o daf-2, que codifica um receptor de insulina - era capaz de dobrar a vida útil do animal.

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