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Água pode ter escorrido para subsolo de Marte há pouco tempo

O local onde a Spirit ficou presa revela indícios de que água pode ter escorrido para o subsolo há pouco tempo e continuamente em Marte.

Por root
Atualização:

O local onde a sonda Spirit, da NASA, ficou presa no ano passado, revela indícios de que água - ou talvez neve derretida - tenha escorrido para o subsolo há pouco tempo e continuamente em Marte. Camadas de solo estratificadas com diferentes composições, próximas à superfície, levaram os cientistas a crer que os estreitos caminhos de água foram causados pelo vazamento, ocorrido provavelmente durante as mudanças climáticas cíclicas, em períodos em que o planeta esteve mais inclinado sobre o seu eixo.

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A água pode ter sido absorvida pela areia, transportando minerais mais ou menos solúveis, definidos pela profundidade em que se encontravam. A inclinação do eixo de rotação varia em escalas de tempo de centenas de milhares de anos. Os minerais insolúveis relativamente perto da superfície podem ser de sílica, hematita e gipso (gesso). Sulfatos férricos, que são mais solúveis, parecem ter sido dissolvidos e levados pela água. Nenhum destes minerais estão na superfície, que é coberta pela areia arrastada pelo vento e poeira.

"A falta de exposição na superfície indica que dissolução do sulfato férrico deve ser um processo relativamente recente e em curso, já que o vento tem alterado sistematicamente as paisagens da região examinada pela sonda", disse Ray Arvidson da Universidade de Washington em St . Louis,principal pesquisador e representante das sondas gêmeas, Spirit e Opportunity.

As sondas gêmeas finalizaram os três meses de missões principais em abril de 2004. Em seguida, continuaram explorando em missões extras. Uma das seis rodas da Spirit parou de funcionar em 2006. Em abril de 2009, as rodas da esquerda da Spirit romperam uma crosta em um local chamado "Troia" e bateu em areia fofa. A segunda roda parou de funcionar sete meses depois. A Spirit não pode inclinar seus painéis solares em direção ao sol durante o inverno, como havia feito durante os invernos anteriores. Os engenheiros diminuíram a potência, entrando no modo de hibernação silencioso, e a sonda parou de se comunicar em 22 de março. No mês seguinte iniciaram a atividade da Spirit, e a NASA usou o Deep Space Network e a sonda orbital Mars Odyssey para saber se a sonda retomara as atividades.

Os pesquisadores aproveitaram os meses que a Spirit ficou em Troia para examinar em detalhe as camadas de solo que as rodas tinham exposto, e também as superfícies vizinhas. A sonda avançou 33 centímentros antes que os níveis de energia diminuíssem. "Com a energia solar insuficiente durante o inverno, a Spirit entra em modo de hibernação, e todos os sistemas da sonda são desligados, incluindo o sistema de rádio e aquecedores", disse John Callas, gerente de projetos da Spirit e Opportunity no Jet Propulsion Laboratory da NASA em Pasadena, Califórnia. "Toda a energia solar disponível na matriz vai para carregar as baterias e manter as principais funções".

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A temperatura na sonda é mais baixa do que nunca, e ela pode não sobreviver. Se a Spirit voltar ao trabalho, a prioridade é um estudo multi-mês, que pode ser feito sem a condução da sonda. O estudo deverá medir a rotação de Marte, a partir de um sinal da rádio da sonda, com precisão suficiente para obter novas informações sobre o núcleo do planeta. A sonda Opportunity foi progredindo em direção a uma grande cratera, o Endeavour, que tem aproximadamente 8 quilômetros (5 milhas).

A Spirit, a Opportunity, e outras missões da NASA em Marte, descobriram evidências de ambientes úmidos há bilhões de anos, que possivelmente eram favoráveis à vida. A sonda Phoenix Mars Lander, em 2008, e observações feitas por sondas desde 2002, identificaram camadas enterradas de gelo em médias e altas latitudes, e água congelada nos pólos. Essas novas descobertas da Spirit fortaleceram os indícios de que Marte ainda pode ter pequenas quantidades de água no estado líquido, em alguns períodos climáticos .

Os resultados dessas análises foram relatados na Journal of Geophysical Research, publicado pela Arvidson e 36 co-autores, desde o fim de 2007 até pouco antes da sonda parar de se comunicar, em março.

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