O sulfeto de hidrogênio (H2S), responsável por aquele cheiro desagradável no "ovo podre", protege as suas articulações. De acordo com uma pesquisa realizada pela Peninsula Medical School da Universidade de Exeter & Playmouth, no Reino Unido, o gás está presente naturalmente em nossos corpos - especificamente no líquido sinovial do joelho, reduzindo o atrito entre cartilagem e articulações durante movimentos. Ele pode desempenhar um papel importante da redução da inflamação nas articulações.
O trabalho comparou a presença de sulfeto de hidrogênio em amostras de sangue e de líquido sinovial das articulações do joelho de pacientes com artrite reumatoide, osteoartrite e em indivíduos saudáveis. Pessoas com artrite reumatoide tinham níveis mais altos de H2S no líquido sinovial em comparação ao grupo de controle, e concentrações até quatro vezes mais altas no sangue.
Níveis mais altos de sulfeto de hidrogênio foram associados à doença, reduzindo a contagem de células inflamatórias. Isso sugere que o H2S pode ser um mediador produzido pelo corpo para controlar a inflamação. Os resultados abrem as portas para estudos mais aprofundados sobre o uso terapêutico em pacientes com doenças inflamatórias crônicas.
"As doenças inflamatórias crônicas, pela natureza muito debilitante, e atuais intervenções farmacêuticas ocasionalmente podem agravar o desconforto dos pacientes", explica Matt Whiteman, responsável pelo estudo. "Fármacos tradicional anti-inflamatórios são muito potentes e seguros, mas por vezes podem danificar o revestimento do estômago em algumas pessoas, levando a complicações posteriores". Terapias com sulfeto de hidrogênio parecem ser promissoras, já que indicam os mesmos benefícios de anti-inflamatórios convencionais, sem efeitos colaterais.
"Estamos apenas começando a desvendar o que o H2S faz no corpo, e como manipulá-lo", ressalta Whiteman. "Já que o H2S é produzido naturalmente no nosso organismo por enzimas que utilizam predominantemente aminoácidos contendo enxofre, como a cisteína, metionina e hemocisteína, é possível manipular a atividade dessas enzimas para aumentar suas atividades, possivelmente por meio de dieta, para impulsionar a capacidade do corpo em tratar a inflamação e o dano tecidual".
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