Já se sabia que golfinhos e botos usam eco localização para caçar e se orientar. A eco localização engloba a emissão de sons em altas frequências, conhecidos por ultrassom, e a detecção de ecos para determinar que tipo de objeto é atingido pelas ondas sonoras. Agora, pesquisadores suecos e norte-americanos descobriram que golfinhos podem gerar dois tipos de projeções de feixes de sons ao mesmo tempo.O artigo sobre o estudo foi publicado na ultima edição da revista Biology Letters.
Segundo a física e pesquisadora Josefin Starkhammar da Universidade de Lund na Suécia, as projeções de ondas possuem frequências diferentes e podem ser enviadas em diferentes direções.Isto dá maior precisão para a localização da caça. Para tanto, Starkhammar explica que as duas projeções de som são provenientes de dois órgãos distintos e já conhecidos pelos cientistas.No entanto, sua suposição de que estes dois órgãos trabalhem ao mesmo tempo contradiz o que se tem acreditado, ou seja, que somente um é ativado durante a eco localização. Salienta ainda que mais investigações serão necessárias. Por exemplo, as duas projeções também poderiam ser explicadas pelas reflexões complicadas na cabeça do golfinho, onde o som é formado.
Os golfinhos têm sido estudados desde os anos 60, mas somente agora, utilizando instrumentos de medida e técnicas de processamento com tecnologia mais avançada, foi possível realizar a descoberta.Starkhammar utilizou um equipamento com 47 hidrofones - microfones para uso em água. "Este é o melhor aparelho atualmente no mundo para capturar ondas de ultrassom dos golfinhos na água", argumentou a pesquisadora que passou muito tempo testando e desenvolvendo o equipamento.
Morcegos também usam eco localização e há algumas espécies de musaranho e alguns pássaros habitantes de cavernas que usam uma forma mais simples do método. Até mesmo os humanos desenvolveram dispositivos que usam a eco localização e a tecnologia de ultrassom. "No entanto, a eco localização dos golfinhos é, em muitos aspectos, muito mais sofisticada." A evolução teve a possibilidade de aprimorá-la ao longo de milhões de anos.
Os coautores do artigo são Patrick W. Moore, Lois Talmadge e Dorian s. Houser, que trabalham na Fundação Nacional de Mamíferos Marinhos nos Estados Unidos.