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Imagine só!

Água no feijão, que mais 5 bilhões de pessoas vêm aí

Novas projeções demográficas indicam que a população do planeta poderá passar de 12 bilhões de pessoas em 2100. De onde vamos tirar comida e energia para sustentar tanta gente? E o que o aquecimento global tem a ver com isso?

Por Herton Escobar
Atualização:

Ruas lotadas em São Francisco, na Califórnia. Foto: Herton Escobar/Estadão

Não bastassem todos os problemas que já temos hoje, com 7 bilhões de pessoas, uma nova projeção demográfica sugere que o número de seres humanos que habitam esse nosso pequeno planeta não vai parar de crescer em 2050 e se estabilizar em torno de 9 bilhões, como se imaginava. Segundo um estudo publicado na semana passada, na revista Science, há 80% de chance de a população mundial continuar crescendo até o final do século, podendo ultrapassar a marca de 12 bilhões de pessoas em 2100. A maior parte desse crescimento, segundo os pesquisadores, deverá ocorrer na África, onde as taxas de fertilidade estão caindo num ritmo mais lento do que se esperava, pelas projeções das Nações Unidas.

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Agora eu pergunto: De onde vamos tirar comida, dinheiro e energia para sustentar outras 5 bilhões de pessoas no mundo? Se nosso modo de vida já é insustentável hoje -- porque tiramos do planeta mais do que ele é capaz de repor --, imagine com uma população quase duas vezes maior! Haja água, haja terra, haja comida, haja espaço e haja energia para dar de vestir, comer e dormir a toda essa gente!

Nesse momento, dezenas de líderes mundiais -- incluindo a presidente Dilma Rousseff -- estão reunidos na Cúpula do Clima, em Nova York, para discutir o futuro do clima no planeta Terra; e o aumento populacional tem tudo a ver com isso. As mudanças climáticas há muito tempo já deixaram de ser um problema meramente ambiental. Mesmo que você não dê a mínima para o que vai acontecer com os ursos polares, eles estão batendo à sua porta. Falar de clima é falar de segurança alimentar, é falar de segurança energética, é falar de sustentabilidade econômica. É falar de sobrevivência e qualidade de vida para toda a espécie humana. A discussão não é sobre o futuro do urso polar; é sobre o seu futuro e o futuro dos seus netos.

Leia também: "Crescimento é compatível com redução das emissões", diz Dilma, em Paris.

A Cúpula do Clima das Nações Unidas em Nova York foi aberta hoje com a apresentação de um vídeo de 3 minutos, narrado pelo ator Morgan Freeman, ao qual espero que os líderes mundiais tenham prestado alguma atenção. "Temos todos os motivos do mundo para agir. Não podemos esperar até amanhã. Essa é nossa única casa", diz o texto. Vale a pena assistir, acima.

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O problema é sério, mas tem solução. Ainda dá tempo de ser inteligente, apesar da irritante morosidade da política e da diplomacia internacionais. Com um pouquinho mais de coragem, responsabilidade política e inovação tecnológica, quem sabe dá até para acomodar mais uns 5 bilhões ... Imagine só! (Avisem lá em Nova York pra botar mais água no feijão, por favor.)

Florestas

Também na cúpula de Nova York, vários países africanos e da América Latina assumiram compromissos de contribuir com a restauração de florestas desmatadas ou degradadas, no âmbito do chamado Desafio de Bonn, firmado em 2011, cujo objetivo é recuperar 150 milhões de hectares de florestas até 2020. Com isso, segundo informações da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), a área total de compromissos assumidos ultrapassou 30 milhões de hectares -- incluindo 1 milhão de hectares do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica no Brasil. O maior compromisso até agora é o do Serviço Florestal dos EUA, de 15 milhões de hectares.

A Carta de Nova York sobre florestas, assinada por mais de 100 países, empresas e organizações da sociedade civil, também assume um compromisso de reduzir o desmatamento mundial pela metade até 2020 e a zero, até 2030.

Mata Atlântica. Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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*Correção: A primeira versão deste post dizia que a Cúpula do Clima estava ocorrendo em Paris, em vez de Nova York. Paris será a sede da próxima Conferência das Partes (COP) da Convenção Quadro da ONU sobre Mudança Climática, em dezembro de 2015. A cúpula em Nova York é um evento separado, que não faz parte das negociações da COP.

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