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ALPHA CRUCIS, COM O DEVIDO RESPEITO

Por Herton Escobar
Atualização:

A Fapesp e a USP inauguraram hoje o navio oceanográfico Alpha Crucis, um investimento de US$ 11 milhões para revolucionar a capacidade logística e tecnológica de pesquisa marinha no Brasil. O navio já está no Porto de Santos desde o início do mês, mas só agora foi apresentado oficialmente ao público, governador, reitor, outros dignatários e à imprensa em geral. Foi minha chance de conhecer por dentro o personagem da matéria que publiquei no último domingo (veja os links no post abaixo).

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O navio é incrível, e o único do tipo no País. O que é uma pena, pois com o tamanho do mar que temos, precisaríamos ter no mínimo uns 8 ou 10 Alpha Crucis, literalmente. Tomara que seja um bom começo. ... Pena também que foi preciso descobrir petróleo no fundo do mar para que o país começasse a olhar com o devido interesse para o mar, um bioma tão importante quanto (se não mais, ou até muito mais) a Amazônia. Não é porque não temos recifes de corais tão exuberantes quanto os do Caribe ou uma indústria pesqueira tão valiosa quanto a do Chile que nosso oceano é menos importante do que o deles. Tem muita coisa lá, essencial para a nossa sobrevivência e com potencial para exploração econômica sustentável. Mas só saberemos com certeza pesquisando ... e é aí que entra o Alpha Crucis e as ciências oceanográficas.

O professor Frederico Brandini, do Instituto Oceanográfico da USP, que vai chefiar a primeira expedição científica do navio (prevista para o início do segundo semestre), escreveu um artigo provocativo sobre isso alguns anos atrás no site O Eco, do qual copio os dois parágrafos finais abaixo.

"(...) Não acho que o mar é mais importante do que a Amazônia. Só estou lembrando que é o conjunto dos biomas de uma nação que gera suas riquezas e formata suas características culturais e sócio-econômicas. Em escala regional, cada bioma tem seu papel para o desenvolvimento da sociedade brasileira como um todo. A Amazônia não tem preço. Os serviços ambientais e o potencial biotecnológico são imensuráveis na nossa (pelo menos na minha) escala de valores. Mas considere como seria sua vida aqui no Brasil sem a Amazônia. Agora, faça o mesmo exercício excluindo o mar.

Não haveria nem zona costeira e nem Mata Atlântica. Não haveria petróleo suficiente e nem o transporte marítimo por onde passa 95% do PIB nacional. Não haveria pesca costeira nem oceânica. Nem jangadas, nem Jorge Amado e nem Dorival Caymmi. Não haveria praias, manguezais, estuários, recifes de coral e nem ilhas, inclusive a de Caras. Talvez não houvesse samba, bossa-nova, tanga e caipirinha. Não haveria nada que me faz lembrar o Brasil que somos. Viva o mar azul, verde ou amarelo! Viva o mar brasileiro!"

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O artigo inteiro pode ser lido neste link.

Parece que o mar, finalmente, despertou o devido interesse dos brasileiros. Agora é torcer para que ele seja tratado, também, com o devido respeito.

Abraços a todos.

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