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Imagine só!

CADA PEIXE NA SUA ÁGUA

Por Herton Escobar
Atualização:
 Foto: Estadão

Pesquisadores do Museu de Zoologia da USP, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da ONG Conservação Internacional  (CI-Brasil) identificaram e mapearam a área de ocorrência de 819 espécies de peixes raros de água doce no Brasil. Para se ter uma ideia, isso é quatro vezes mais do que a biodiversidade de peixes da Europa inteira, que tem cerca de 200 espécies apenas. E olha que estamos falando só das espécies "raras" (cientificamente definidas no estudo como restritas a uma área menor do que 10 mil km²). Imagine só!

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Dez mil km² é bastante coisa (a cidade de São Paulo, comparativamente, tem 1.500 km²), mas lembre-se: estamos falando de peixes! Muitas espécies, na verdade, estão restritas a áreas bem menores do que isso. A floresta amazônica vista de cima parece um tapete verde homogêneo, mas não é. Há diferenças enormes dentro desse tapete. A floresta de um lado do rio pode ser totalmente diferente da floresta do outro lado do rio.

O mesmo acontece dentro dos rios (não só da Amazônia, mas também de outros biomas). Água não é igual em todo o lugar. Dentro de um mesmo rio pode haver diferenças grandes em termos de pH, temperatura, turbulência, claridade, etc... que agradam ou desagradam a diferentes espécies de peixes.

Normalmente, a maioria das pessoas diferencia apenas peixes de água doce e de água salgada. Mas os peixes são animais muito mais especializados do que isso. Quem já teve aquário em casa sabe que há espécies que gostam de água ácida, outras que gostam de água mais alcalina; outras que gostam de bastante luz, outras que gostam mais de sombra; algumas que gostam de ficar próximo à superfície, onde a correnteza é mais forte, enquanto outras preferem ficar no fundo, mais paradinhas .... e por aí vai.

Enfim... tudo isso só para realçar, mais uma vez, a riqueza e a beleza da nossa biodiversidade, que vai muito além das onças, tamanduás, araras e pirarucus. Ela está também nos detalhes de pequenos peixes ornamentais como esses aí de cima: o Moenkhausia bonita e o Simpsonichthys boitonei. Só precisa prestar atenção.

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A Conservação Internacional criou um site com informações sobre os peixes raros do Brasil, que pode ser acessado aqui.

Abraços a todos.

(CRÉDITO DAS FOTOS: M. bonita/José Sabino-Habitat; S. boitonei/Pedro De Podestà)

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