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Estudo brasileiro na Science comprova capacidade do zika vírus de matar células neuronais humanas

Já o vírus da dengue não tem a mesma capacidade, segundo pesquisa realizada com "minicérebros" no Rio de Janeiro. Estudo soma-se a uma série de contribuições importantes da ciência nacional para a compreensão da epidemia de zika e das má-formações congênitas associadas a ela.

Por Herton Escobar
Atualização:

Os resultados preliminares da pesquisa carioca já haviam sido divulgados cerca de um mês atrás, na plataforma Peer J, comprovando que o vírus da zika tem a capacidade de infectar e matar células neuronais in vitro (leia a reportagem aqui: http://goo.gl/5cKvSN). Agora, na Science, o trabalho traz um complemento importante, mostrando que o mesmo não ocorre com o vírus da dengue, apesar de ele ser extremamente semelhante ao da zika. Ou seja: os pesquisadores repetiram os experimentos com o vírus da dengue, mas só as células infectadas pelo zika tiveram sua morfologia alterada ou morreram. Mais um indício de que há,realmente, algo diferente no vírus da zika que o torna especialmente perigoso para o desenvolvimento do sistema nervoso central -- podendo levar à microcefalia e outras má-formações congênitas em bebês, além da síndrome de Guillain-Barré e outras complicações em adultos.

Leia também no blog: Cara a cara com o zika vírus

O estudo foi realizado com os chamados "minicérebros", que são esferas de células-tronco neuronais obtidas a partir de uma técnica chamada iPS, em que células adultas são induzidas a se transformar em células-tronco pluripotentes in vitro, mimetizando a estrutura de um cérebro humano embrionário.

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Resposta à altura

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O autor principal é o neurocientista Stevens Rehen (que apesar do nome, é 100% brasileiro). Segundo a Academia Brasileira de Ciências, onde será realizada uma entrevista coletiva sobre a pesquisa hoje, dentre os 170 mil artigos já publicados pela revista Science em 136 anos de existência, apenas 84 tinham autores ligados a instituições brasileiras, e apenas 36 destes foram feitos por cientistas baseados exclusivamente no Brasil.

Outros grupos brasileiros também emplacaram artigos importantes sobre o zika e a microcefalia recentemente na revista The Lancet, uma das mais respeitadas da literatura científica mundial na área médica. Além de vários outros trabalhos publicados desde o início da epidemia, em diversas revistas, abordando diferentes aspectos do vírus e da doença. Todas essas publicações podem ser encontradas na Biblioteca Digital Zika, organizada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Palmas para a ciência brasileira, que, apesar de todas as dificuldades, vem produzindo resultados de qualidade e respondendo com competência a uma das maiores emergências de saúde pública que esse país já vivenciou. (Detalhe: Poderia fazer muito mais ainda se tivesse mais dinheiro, melhor infraestrutra e menos burocracia? Com certeza!)

 Foto: Estadão
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