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Análise: Prêmio Nobel de Química, uma grande surpresa positiva

'Chamou a atenção o fato de que nenhum dos três laureados é químico de formação. Isso é menos relevante'

Por Aldo Zarbin
Atualização:

A atribuição do Prêmio Nobel de Química de 2017 aos cientistas que desenvolveram a microscopia crioeletrônica foi uma imensa surpresa. Antes da premiação, os membros da diretoria da Sociedade Brasileira de Química deram seus palpites sobre as possíveis áreas que poderiam receber o prêmio neste ano e ninguém acertou. Mas foi uma surpresa extremamente positiva. 

Da esquerda para a direita, os vencedores do Prêmio Nobel de Química de 2017: o alemão Joachim Frank, suíço Jacques Dubochet e o escocês Richard Henderson Foto: Richard Drew/AP, Fabrice Coffrini/AFP e Frank Augstein/AP

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É belíssimo o trabalho feito por Dubochet, Frank e Henderson. A contribuição que eles deram à química é importantíssima, tanto da perspectiva científica, como do ponto de vista tecnológico. 

+++ Novo método de microscopia eletrônica leva o Prêmio Nobel de Química

Possibilitar a visualização de biomoléculas em seu próprio ambiente - em sua forma natural e em seu contexto de ação - é fundamental para entender as relações dessas moléculas com o meio, compreender seus efeitos no organismo e suas relações com outras moléculas. Isso permite que os cientistas possam compreender, por exemplo, os mecanismos pelos quais uma determinada biomolécula causa doenças e, dessa forma, propor novos medicamentos para combatê-las.

Os avanços beneficiaram a pesquisa em diversas áreas - no mundo todo e, em particular, no Brasil. O próprio comitê do Prêmio Nobel, ao anunciar a premiação ontem, deu grande destaque às pesquisas brasileiras sobre o vírus da zika. 

A microscopia crioeletrônica permitiu que os cientistas brasileiros visualizassem a estrutura molecular da superfície do vírus, identificando todas as suas proteínas e com isso eles puderam demonstrar a relação entre a zika e a microcefalia.

Chamou a atenção o fato de que nenhum dos três laureados é químico de formação. Isso é menos relevante, diante da imensa contribuição que eles deram à química e à bioquímica. Um cientista ganha um Nobel justamente quando os resultados de suas pesquisas vão além do que ele se propõe. Por isso, a escolha foi extremamente justa.

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*ALDO ZARBIN É PRESIDENTE DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUÍMICA (SBQ)

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