Bactéria da peste negra já infectava humanos há 4.800 anos
Sequenciamento de DNA aponta que ela pode ter sido responsável pela praga de Justiniano e pela peste de Atenas
Por Fabio de Castro
Atualização:
Conhecida por provocar a peste negra, que dizimou quase metade da população da Europa no século 14, a bactéria Yersina pestis já infectava humanos desde a Idade do Bronze, há 4.800 anos, de acordo com um novo estudo publicado nesta quinta-feira, 22, na revista Cell. A data é cerca de 3.300 anos anterior ao registro mais antigo confirmado de infecção pela bactéria.
PUBLICIDADE
Cientistas já haviam confirmado anteriormente que, além da peste negra, a bactéria também foi responsável pela praga de Justiniano, que devastou todo o mundo conhecido durante o Império Bizantino, há cerca de 1.500 anos, matando 50 milhões de pessoas. Mas até agora não haviam sido registradas infecções anteriores.
No novo estudo, os pesquisadores sequenciaram o DNA de amostras de dentes de 101 indivíduos que viveram na Idade do Bronze – de 3.000 a.C. a 1.500 a.C. – na Europa e na Ásia. Sete deles foram infectados pela Yersina pestis, por volta do ano 2.800 a.C. Segundo os autores do estudo, isso significa que a mesma bactéria pode ter sido responsável pela famosa peste de Atenas, que matou 25% da população ateniense durante a Guerra do Peloponeso, a partir de 430 a.C., quando a cidade-Estado se encontrava sitiada pelos espartanos.
“Descobrimos que a linhagem da Yersina pestis se originou e se espalhou muito antes do que pensávamos e agora temos uma ideia bem mais precisa de quando ela se desenvolveu. Esse estudo muda nossa visão sobre como a peste influenciou as populações humanas e abre novas vias para o estudo da evolução das doenças”, disse um dos autores, Eske Willerslev, da Universidade de Copenhague, na Dinamarca.
Segundo os pesquisadores, o estudo indica também que, embora a peste já existisse há 4.800 anos, foi preciso pelo menos mais um milênio até que a bactéria adquirisse um gene que permitisse sua sobrevivência no interior do organismo das pulgas, tornando-a capaz de se espalhar entre humanos usando o inseto. “O gene, no entanto, estava presente no genoma da bactéria em um indivíduo da Idade do Ferro. Isso sugere que a peste se tornou transmissível por pulgas em um período entre 3.700 e 3 mil anos atrás”, disse Willerslev.
Trabalhos recentes coordenados por Willerslev e por Kristian Kristiansen, da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, levantaram a hipótese de que a peste pode ter dado forma às populações humanas ao longo dos milênios. Há alguns meses, eles publicaram um estudo genômico de indivíduos da Idade do Bronze e mostraram que o período foi altamente dinâmico, envolvendo migrações de grande escala, que deram forma à maior parte da estrutura demográfica atual de Europa e Ásia.
A razão dessas migrações, no entanto, não estava clara. “Um dos cenários que discutimos foi a ideia de que grandes epidemias pudessem ter impulsionado essa dinâmica”, disse outro dos autores do novo estudo, Morten Allentoft, da Universidade de Copenhague.
Publicidade
Competição de Microfotografia elege as 20 melhores imagens
1 / 19Competição de Microfotografia elege as 20 melhores imagens
Concurso
O fórum Nikon Small World reúne imagens da vida obtidas por microscópios ópticos e promove anualmente, desde 1975, a Competição de Microfotografia, qu... Foto: ReproduçãoMais
19° lugar em 2015
Essa minúscula larva de um verme do filo phoronida está aumentada 450 vezes. Foto: Richard Kirby, de Plymouth (Reino Unido)
18° lugar em 2015
À esquerda aparece um animal aquático coberto de cílios, do gênero Chaetonotus e à direita, uma alga do gênero Micrasterias. A imagem foi aumentada em... Foto: Roland Gross, de Berna (Suíça)Mais
17° lugar em 2015
Uma folha da planta aquática Trichodactylus crinitus produz cristais para se defender de herbívoros. A imagem foi aumentada em 100 vezes. Foto: David Maitland, de Feltwell (Reino Unido)
16° lugar em 2015
Esses animais aquáticos microscópicos, ou rotíferos, da espécie Floscularia ringens, aparecem se alimentando na foto, aumentada 50 vezes. Foto: Charles Krebs, de Issaquah, Washington (Estados Unidos)
15° lugar em 2015
Anteras de uma planta de flores, a Arabidopsis thaliana, aumentada em 20 vezes. Foto: Heiti Paves, de Talin (Estônia)
14° lugar em 2015
Uma semente da gramínea australiana Austrostipa nodosa aumentada cinco vezes. Foto: Foto: Viktor Sykora, de Praga (República Tcheca)
13° lugar em 2015
Os tentáculos de uma planta carnívora do gênero Drosera aparecem na foto aumentados em 20 vezes. Foto: Foto: José Almodóvar, de Mayaguez, Porto Rico (Estados Unidos) - Os tentáculos de uma planta carnívora do gênero Drosera aparecem na foto aumentados em 20 vezes.
12° lugar em 2015
Embriões do peixe Mugil cephalus (do mesmo gênero da tainha) em desenvolvimento. A imagem foi aumentada em 40 vezes. Foto: Hannah Sheppard-Brennand, de Sydney (Austrália)
10° lugar em 2015
Esse espécime vivo do molusco Cyzicus mexicanus foi aumentado 25 vezes. Foto: Ian Gardiner, de Calgary, Alberta (Canadá)
9° lugar em 2015
Com um aumento de 40 vezes, a foto mostra botões de uma planta do gênero Arabidopsis, da mesma família das couves e da mostarda. Foto: Nathanaël Prunet, de Pasadena, Califórnia (Estados Unidos)
8° lugar em 2015
Os nervos e vasos sanguíneos da pele da orelha de um camundongo aparecem na foto aumentados em 10 vezes. Foto: Tomoko Yamazaki, de Bethesda, Maryland (Estados Unidos)
7° lugar em 2015
Uma estrela do mar fotografada com a técnica conhecida como microscopia confocal e aumentada 10 vezes. Foto: Evan Darling, de Nova York (Estados Unidos)
6° lugar em 2015
A cápsula de esporos de um musgo do gênero Bryum. Foto: Henri Koskinen, de Helsinki (Finlândia)
5° lugar em 2015
A foto revela os minúsculos vasos sanguíneos do cérebro de um camundongo com glioblastoma, um tipo de câncer nas células da glia, que proporcionam sup... Foto: Giorgio Seano e Rakesh Jain, de Boston, Massachusetts (Estados Unidos)Mais
4° lugar em 2015
Essa glândula mamária humana cultivada em laboratório foi aumentada em 100 vezes. Foto: Daniel Miller e Ethan Sokol, de Cambridge, Massachusetts (Estados Unidos)
3° lugar em 2015
A entrada de alimentos de uma planta carnívora aquática, a Utricularia gibba, aparece aumentada 100 vezes. Foto: Igor Siwanowicz, de Ashburn, Virginia (Estados Unidos)
2° lugar em 2015
A imagem é do cólon de um camundongo colonizado por micróbios aumentado 63 vezes. O cólon - uma parte do intestino grosso - do animal é coberto por um... Foto: Kristen Earle, Gabriel Billings, KC Huang e Justin Sonnenburg, de Stanford, Califórnia (Estados Unidos)Mais
1°lugar de 2015
A foto mostra o olho de uma abelha (Apis mellifera), coberto de pólen de dente-de-leão. Autodidata em microfotografia, o vencedor do concurso de 2015 ... Foto: Ralph Claus Grimm, de Jimboomba (Austrália).Mais