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Bispo denuncia pedofilia em coro já dirigido por irmão do papa

Carta escrita aos pais das supostas vítimas foi divulgada em site na Alemanha; Georg Ratzinger rebateu denúncia

Por ANSA
Atualização:

O bispo de Regensburg, Gerhard Ludwig Muller, admitiu a existência de casos de pedofilia no coro de rapazes da catedral alemã na época em que este era dirigido pelo irmão do papa Bento XVI, Georg Ratzinger.

 

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De acordo com informações da agência alemã DPA, a denúncia foi negada pelo familiar do Pontífice em entrevista a uma rádio. "Não quero dizer nada sobre este" tema, refutou Ratzinger. "Não conheço nenhum caso de abusos sexuais", acrescentou ele. "Perguntem à diocese", declarou ainda.

 

O anúncio de Muller foi feito em uma carta escrita aos pais das vítimas de abuso sexual e publicada no site do bispado. Na missiva, o religioso declara "ter tido conhecimento de um caso de abuso sexual (...) nos anos 50". "O diretor do internato na época, até onde se sabe, foi condenado. Posteriormente, morreu", lê-se na mensagem.

 

Já o porta-voz do bispo, Clemens Neck, declarou a agências internacionais "ter informações sobre supostos abusos cometidos entre 1958 e 1973", sobre os quais "queremos que se conduza uma investigação transparente".

 

Georg Ratzinger tem 86 anos e esteve na direção do coro de Regensburg, que é o mais antigo coral de Igreja do mundo, entre 1964 e 1994.

 

Dois religiosos, ambos mortos em 1984, já foram condenados anteriormente por crimes de pedofilia ocorridos na diocese alemã. Um deles é um ex-professor de religião e vice-diretor da escola frequentada pelos coristas, removido em 1958 do cargo. O outro foi por alguns meses diretor do colégio anexo ao coro, antes de ser condenado em 1971.

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"Pedimos a todos aqueles que souberam de abusos sexuais sobre menores cometidos por sacerdotes ou sobre outros dependentes mulheres e homens das instituições religiosas, ou àqueles que sejam possivelmente vítimas, para se dirigir a um membro da direção ou à responsável diocesana", afirma a carta de Muller. "Mesmo se os casos sobre os quais tomamos conhecimento se referem a tantas décadas atrás, estamos profundamente consternados por tais assédios, no momento em que somos sabedores que as crianças são o bem mais precioso de todos os pais", continua o texto.

 

A sala de imprensa do Vaticano informou nesta sexta-feira que a Santa Sé "não intervém" sobre o caso dos supostos abusos sexuais cometidos no coro de Regensberg.

 

Ao saber das denúncias, os atuais gestores do coro de Regensberg se disseram consternados. "A direção do coro seguiu com grande atenção as notícias sobre casos de abuso sexual em instituições religiosas", afirma uma nota. "Soubemos que também um ex-aluno do coro (no início dos anos 60) admitiu à imprensa o abuso sexual", continua o texto. "Como previsto pela Conferência Episcopal Alemã, a admissão do ex-aluno foi transmitida à psicóloga Birgit Böehm, responsável diocesana pelos casos de abuso", informa.

 

"Com base nos conhecimentos que se tem até o momento, não está ainda claro se os abusos aconteceram na nossa instituição ou na escola elementar de Etterzhausen", rebate a diretoria. "Até agora não dispomos de ulteriores elementos concretos sobre casos suspeitos de abuso sexual dentro do coro de Regensberg", declara.

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