PALO ALTO - Cientistas dos Estados Unidos identificaram um novo processo biológico capaz de melhorar a resistência do sistema imunológico ao câncer, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira, 27, pela revista científica britânica Nature. A pesquisa, desenvolvida pela Escola de Medicina da Universidade de Stanford (Califórnia), revelou a existência de uma "rota biológica" que faz com que as células do sistema imunológico não ataquem as cancerosas.
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Para ilustrar essa qualidade, os especialistas falam de um sinal que as células cancerosas enviam às imunológicas para dizer "Não me destrua", o que permite a propagação da doença.
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Os cientistas de Stanford constataram que, ao combinarem o anticorpo CD47 com outro similar, é possível bloquear o funcionamento dessa "rota biológica" e fortalecer a capacidade do sistema imunológico para erradicar muitos tipos de câncer.
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As experiências com modelos animais tiveram resultados promissores, e sua eficácia para o tratamento contra a doença está agora sendo comprovada em testes clínicos, de acordo com os especialistas.
"O desenvolvimento das células cancerosas provoca a criação de moléculas reconhecidas pelos macrófagos, células que tem como função purificar o organismo", explicou Irving Weissman, um dos autores do estudo.
No entanto, Weissman detalhou que os cânceres mais agressivos enviam o citado sinal de "Não me destrua" através do CD47.
"Agora, identificamos um segundo sinal de 'Não me destrua' e o seu receptor complementar nos macrófagos. Também descobrimos que podemos anular este sinal com anticorpos específicos e restaurar a capacidade dos macrófagos para matar células cancerosas", indicou Weissman.
O bloqueio simultâneo desses dois processos biológicos em ratos permitiu infiltrar um tumor com uma grande variedade de células imunológicas, o que, por sua vez, gerou uma divisão do mesmo em tumores menores.
"Estamos entusiasmados com a possibilidade de desenvolver em humanos um tratamento duplo, até triplo, que combine múltiplos bloqueios para o crescimento do câncer", disse Amira Barkal, coautora da pesquisa. /EFE