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Cientistas flagram estrela ‘devorando’ planeta

Estudo publicado na Nature acompanhou processo de destruição de pequeno planeta com composição química similar à da Terra

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Por Redação
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Uma anã branca representa o estágio final de uma estrela e possui intensa gravidade Foto: Nasa/Divulgação

SÃO PAULO - Cientistas identificaram um sistema estelar no qual uma estrela anã branca (nome dado ao estágio após a morte de uma estrela menor e menos brilhante que as comuns) está desintegrando os restos de um planeta rochoso com composição química similar à da Terra. O estudo conduzido pelo Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, nos Estados Unidos,  foi publicado na revista Nature.

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Os pesquisadores se valeram de imagens do telescópio espacial Kepler, da Nasa, que coletou dados sobre uma estrela que está “engolindo” planetas que ainda orbitam ao seu redor. A maior parte dos planetas descobertos fora do Sistema Solar até hoje orbitam estrelas que ainda estão em fase estável, na metade da vida ativa. 

“Nós estamos testemunhando pela primeira vez um planeta minúsculo sendo destruído por uma gravidade intensa”, explicou o estudante Andrew Vanderburg, autor do artigo publicado na Nature. Os astrônomos detectaram a desintegração que acontece de forma lenta, deixando uma poeira de metais próximo à estrela, como magnésio, alumínio, ferro e níquel. A movimentação dos objetos na órbita da estrela chega a bloquear 40% da luz emitida pela anã branca.

“O momento ‘eureka’ da descoberta veio na última noite de observação com a percepção repentina do que estava acontecendo próximo à anã branca. A forma e a mudança de profundidade eram marcas inegáveis”, disse Vanderburg. 

A anã branca se forma quando uma estrela de relativa pouca massa, como o Sol, tem seu “combustível” esgotado. Após se expandir e se transformar em um gigante vermelho, engolindo outros planetas (no Sistema Solar, essa expansão atingirá a Terra), a estrela perde camadas e passa a ser um núcleo denso. Elementos pesados são puxados para o centro da estrela morta sob intensa gravidade.

Luz. Por décadas, a análise da luz emitida pelas anãs brancas mostraram que a superfície era rica em metais e outros elementos. Para explicar esse quebra-cabeça, astrônomos cogitaram que a estrela pudesse estar se alimentando de partes de outros planetas e asteroides, atraídos para o sistema no processo turbulento da formação da anã branca. O estudo foi o primeiro a observar esse processo em andamento. 

Em razão da intensa gravidade, anãs brancas tendem a ter superfícies quimicamente puras, com elementos leves como hélio e hidrogênio. Por anos, pesquisadores encontraram evidências de que a atmosfera de anãs brancas eram poluídas com traços de elementos pesados como cálcio, magnésio e ferro. Cientistas suspeitavam que a fonte dessa poluição fosse um asteróide ou um pequeno planeta sendo destruído pela gravidade intensa da estrela.

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