Cientistas modificam genes de embrião humano pela primeira vez nos EUA

Segundo pesquisadores, testes mostram que é possível corrigir, sem riscos, defeitos genéticos; estudo ainda deve ser publicado em revista científica

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Por Redação
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Técnica elimina partes não desejadas do genoma Foto: Anne Christine Poujoulat/AFP

Pesquisadores dos Estados Unidos conseguiram modificar genes defeituosos em embriões humanos, pela primeira vez no país, utilizando a revolucionaria técnica de edição genética CRISPR, segundo informou nesta quinta-feira, 27, a revista MIT Technology Review.

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"Os resultados deste estudo devem ser publicados em breve em uma revista científica", disse Eric Robinson, porta-voz da Universidade de Ciências e Saúde de Oregon (OHSU), onde foi feita a pesquisa. "Infelizmente, não podemos oferecer mais informações nesta etapa", acrescentou.

Segundo a publicação, que cita um dos cientistas da equipe, os testes permitiram demonstrar que é possível corrigir eficazmente e sem riscos os defeitos genéticos responsáveis por doenças hereditárias. Os cientistas não deixaram que estes embriões modificados se desenvolvessem mais que poucos dias.

Para o médico Simon Waddington, professor de tecnologia de transferência genética da Universidade College London, "é muito difícil fazer comentários sobre este trabalho porque ainda não foi objeto de uma publicação científica".

Pesquisadores chineses foram os primeiros a modificar, em 2015, os genes de um embrião humano com resultados mistos, segundo um informe publicado pela revista britânica Nature.

A técnica CRISPR/Cas9, mecanismo descoberto em bactérias, representa um imenso potencial na medicina genética permitindo modificar rápida e eficientemente os genes.

Trata-se de espécies de tesouras moleculares que podem, de modo muito preciso, eliminar as partes não desejadas do genoma para substituí-las por novos fragmentos de DNA.

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Uma vez que esta técnica pode corrigir os genes defeituosos responsáveis por doenças, também poderia teoricamente produzir bebês com características físicas determinadas (cor dos olhos, força muscular, etc.) e también mais inteligentes, o que levanta importantes problemas éticos.

Em dezembro de 2015, um grupo internacional de cientistas e especialistas em ética convocados pela Academia Nacional de Ciências norte-americana (NAS) em Washington considerou que seria "irresponsável" utilizar a tecnologia CRISPR para modificar o embrião com fim terapêutico até que as questões de segurança e de eficácia sejam resolvidas.

Mas, em março de 2017, a NAS e a Academia de Medicina norte-americana consideraram que os avanços realizados na técnica de edição genética das células humanas de reprodução "abrem possibilidades realistas que mereceriam sérias considerações".

A premissa de avaliar a eficácia da técnica sobre os embriões humanos é também apoiada na França pela Sociedade de Genética Humana e a Sociedade de Terapia Celular e Gênica. O Reino Unido já validou projetos de pesquisa que utilizam esta técnica. /AFP

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