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Correção da redação do Enem deve mudar

Banca com 3 especialistas avaliaria texto que receber notas com diferença de 300 pontos

Por Rafael Moraes Moura
Atualização:

BRASÍLIA - Pressionado por decisões judiciais e estudantes insatisfeitos, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) estuda mudanças na correção da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Uma das possibilidades é a montagem de uma banca com três especialistas para avaliar as provas que tiverem discrepância superior a 300 pontos - hoje, elas são enviadas para um terceiro corretor.

 

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As mudanças, que ainda estão sendo estudadas internamente, devem ser anunciadas nas próximas semanas pelo presidente do Inep, responsável pela aplicação da prova, Luiz Cláudio Costa.

 

Em entrevista ao Estado, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, já havia defendido uma nova forma de lidar com as redações. "Precisamos aprimorar o critério de correção, para que tenhamos mais segurança na avaliação, pois sempre há componente subjetivo", disse.

 

No ano passado, o Inep foi confrontado com processos judiciais de candidatos que criticaram as notas finais. Foi o caso de uma estudante carioca que recebeu três notas diferentes: 800 (do primeiro corretor), 0 (do segundo) e 440 (do terceiro).

A reportagem também apurou que o instituto discute reduzir a discrepância para uma terceira correção - dos atuais 300 pontos para 200. O Inep já havia reduzido esse número de 500 para 300.

 

Um dos desafios é garantir que o cronograma do Enem seja cumprido à risca, apesar do aumento do número de redações revisadas.

Além das questões logísticas, o Inep se preocupa com os gastos adicionais com as medidas, que estão sendo discutidas há pelo menos um ano dentro do instituto.

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Em 2011, o pedido de vista da redação virou motivo de uma intensa batalha judicial, até o Tribunal Regional Federal da 5.ª Região (TRF-5) suspender uma liminar que garantia o acesso.

 

Um acordo firmado com o Ministério Público Federal (MPF) permitirá que os estudantes tenham acesso às redações corrigidas apenas para fins pedagógicos a partir deste ano.

 

Uma edição por ano. O Ministério da Educação (MEC) previa inicialmente a realização de duas provas do Enem neste ano, mas acabou cancelando a edição prevista para 28 e 29 de abril. Dessa forma, haverá apenas uma edição - nos dias 3 e 4 de novembro.

 

O Enem tem sido marcado por uma sucessão de falhas: em 2009, houve vazamento da prova, crime revelado pelo Estado; em 2010, o cabeçalho foi trocado no cartão resposta e algumas provas tiveram erros de encadernação; no ano passado, estudantes de um colégio particular de Fortaleza receberam antecipadamente algumas questões da prova e acabaram tendo as mesmas anuladas.

 

Ao assumir o MEC, Mercadante retirou a professora Malvina Tuttman da presidência do órgão - foi a quarta troca no comando do instituto ao longo dos últimos quatro anos.

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