Cresce o número de denúncias de violência contra crianças e adolescentes

Negligência foi a denúncia mais registrada, seguida por violência física, psicológica e sexual

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Por Luciana Nunes Leal
Atualização:

RIO DE JANEIRO - O número de denúncias de violência contra crianças e adolescentes recebidas pelo serviço de atendimento da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República - o Disque 100 - cresceu 58,3% entre 2011 e 2012. Foram registradas 130.029 denúncias em 2012 e 82.117 no ano anterior. Nesta quinta-feira, durante o lançamento da Campanha Nacional de Proteção à Criança e ao Adolescente, a ministra Maria do Rosário disse que os dados indicam aumento da conscientização para o problema e não o crescimento da violência contra menores.Como muitas vezes uma única denúncia aponta vários tipos de violência, foram registradas 266.462 violações. A mais comum foi negligência, seguida por violência física, psicológica e sexual. No ano passado, houve 37.803 relatos de violência sexual contra crianças e adolescentes. Com o lema "Não desvie o olhar, fique atento, denuncie", a Campanha Nacional de Carnaval de Proteção à Criança e ao Adolescente terá filmes na TV, spots no rádio, camisetas, adesivos e outros materiais promocionais. O símbolo são três macaquinhos que se contrapõem ao tradicional "não ouço, não falo, não vejo"."Quem está brincando no carnaval ou trabalhando tem que ter atenção especial para as crianças e adolescentes do País. A mobilização tem feito aumentar o número de denúncias a cada ano. Não podemos dizer que a violência está aumentando, o que está aumentando é a conscientização", afirmou a ministra, que assistiu a um espetáculo do circo do ator Marcos Frota, no Parque da Quinta da Boa Vista, na zona norte do Rio. "Vamos tratar as crianças com respeito, educação e amor. As crianças e adolescentes de hoje são o futuro do Brasil", discursou o sambista Nelson Sargento, de 88 anos, embaixador da campanha.Maria do Rosário disse que, em particular no carnaval, mas também durante todo o ano, é importante que os adultos fiquem atentos aos sinais de violência e assédio e denunciem aos conselhos tutelares, à polícia ou ao Disque 100 da Secretaria de Direitos Humanos. "Nosso olhar está ficando mais atento. Quando vemos um adulto assediando uma criança e denunciamos, estamos salvando vidas. É a atitude que se espera dos cidadãos que não aceitam a violência contra crianças. Divulgamos a campanha no carnaval, mas o serviço funciona o ano inteiro. Não há como pensar em cuidado com crianças e adolescentes sem a participação da população. Não existe um policial em cada esquina. Ninguém substitui o olhar da gente", afirmou a ministra. O Disque 100 funciona dia e noite e recebe também denúncias de violações contra portadores de deficiência, homossexuais, moradores de rua e idosos. Segundo a ministra, no ano passado o serviço registrou 250 mil denúncias.FestaNa festa de lançamento da campanha, que teve a presença de autoridades estaduais e municipais, integrantes do Conselho Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente protestaram contra a falta de recursos do governo do Estado do Rio e anunciaram que o conselho vai paralisar as atividades por tempo indeterminado, "em decorrência da total ausência de estrutura material e de recursos humanos para seu funcionamento", segundo texto distribuído na Quinta da Boa Vista. A Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do Estado contesta a informação do conselho. Diz que já foi oferecido um local para o funcionamento do grupo e que está em fase de seleção de novos servidores.

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