Descoberto o "elo perdido" das chuvas na Amazônia

Cientistas identificam a molécula responsável pela grande quantidade de nuvens que se formam na floresta

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Por Agencia Estado
Atualização:

Cientistas do Brasil e da Europa descobriram uma importante peça que faltava no quebra-cabeça climático da Amazônia. Eles identificaram uma nova molécula que, na atmosfera, atua na formação de nuvens e, com isso, garante a manutenção dos índices pluviométricos da floresta. A pesquisa, publicada na revista Science, põe fim a um mistério que durava cinco anos: de onde vêm as partículas de aerossóis necessárias para produzir tantas nuvens e tanta chuva na Amazônia? ?Teria de ter muito mais do que nós conseguíamos medir?, explica o físico Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Instituto do Milênio do LBA, projeto internacional que estuda o clima da Amazônia. Os aerossóis são partículas sólidas ou líquidas em suspensão, que ajudam na formação dos chamados núcleos de condensação de nuvens. Nos cálculos dos cientistas, entretanto, havia chuva demais para aerossóis de menos. Isopreno A descoberta foi um novo composto químico chamado 2-methylthreitol, que se forma na atmosfera a partir do isopreno, um gás emitido em grande quantidade pela floresta. A detecção, segundo Artaxo, só foi possível graças ao uso de tecnologias de espectrometria de massa super avançadas. Em resumo, a floresta emite gás isopreno, que sofre reações fotoquímicas na atmosfera e é transformado ? parte dele ? em 2 methylthreitol, que atua como aerossol na formação de nuvens. Com a chuva, a água volta para a floresta, que continua a produzir isopreno. ?Com isso fechamos o ciclo do sistema hídrico mais ativo do mundo?, comemora Artaxo. Quando áreas de floresta são transformadas em pastagem, não há produção de isopreno, o que pode reduzir a precipitação em toda a região.

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