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Estrutura que cria proteínas na célula leva o Nobel de Química

Cientistas que desvendaram a estrutura do ribossomo, que traduz o DNA em proteínas, são agraciados

Por Carlos Orsi
Atualização:

O Prêmio Nobel de Química deste ano será dividido entre Venkatraman Ramakrishnan e Thomas Steitz, dos Estados Unidos, e Ada Yonath, de Israel, pela determinação da estrutura do ribossomo, o mecanismo que atua no interior das células produzindo proteínas, a partir das instruções contidas no DNA.

   

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Segundo o comitê Nobel, o trabalho dos três, além de desvendar um antigo mistério - como o DNA é lido, com grande precisão, pela célula -permitiu também a visualização do ribossomo em ação, e a compreensão de como antibióticos bloqueiam a função dos ribossomos nas bactérias, desativando-as.

 

Os ganhadores, Venkatraman Ramakrishnan, Thomas Steitz e Ada Yonath. Divulgação

 

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Na nota que anuncia o prêmio, o comitê Nobel explica que "os projetos" contidos no DNA "transformam-se em matéria viva por meio do trabalho dos ribossomos". São as proteínas criadas pelos ribossomos que constroem e controlam os seres vivos, na escala química.

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Os ganhadores do Nobel de Química deste ano criaram modelos em 3D que mostram como diferentes antibióticos atacam o ribossomo.

 

Essa visualização do funcionamento dos antibióticos é útil para a criação de novas drogas, para a compreensão de como as bactérias desenvolvem resistência a esses medicamentos - e de meios de contornar essa resistência.

 

Os trabalhos foram realizados por meio de avanços na técnica da cristolografia  de raios-X, que permite a realização de imagens em escala molecular com altíssima definição. E são recentes, tendo começado nos anos 80.

 

Cristalografia de ribossomo de bactéria. Cientistas usam imagens assim para criar antibióticos. Divulgação

 

O processo de cristalografia se vale de sensores digitais de luz, os CCDs, cujos inventores ganharam o Nobel de Física, apresentado na terça-feira, 6.

 

"Ainda estou abalada. Estou muito, muito feliz. É muito além dos meus sonhos, e estou muito grata", disse Ada, em entrevsita coletiva por teleconferência, conduzida a partir de Estocolmo.

 

"Quando comecei esta pesquisa, eu entendi que estava tratando de uma questão muito importante sobre a vida. Nem sempre acreditei que conseguiria achar a resposta", disse. "Estou incrivelmente feliz".

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Este é o terceiro Nobel de Química a premiar avanços na compreensão do funcionamento celular. O primeiro, e mais famoso, foi concedido em 1962 a James Watson, Francis Crick e Maurice Wilkins por desvendar a estrutura de dupla hélice do DNA. O segundo, em 2006, foi dado a Roger D. Kornberg, por explicar como a informação genética é copiada para a molécula de RNA mensageiro. É esse RNA que o ribossomo "lê" para criar proteínas.

História

 

O Nobel de Química do ano passado foi concedido a três cientistas, Osamu Shimomura, Martin Chalfie e Roger Y. Tsien, pela descoberta e desenvolvimento da proteína fluorescente verde -  isolada inicialmente a partir de uma água-viva, a proteína se tornou uma ferramenta importante para os biólogos, permitindo a observação de processos como o desenvolvimento das células.

 

Três cientistas ganhadores do prêmio de Química receberam mais de um Nobel: Marie Curie (Física, 1903 e Química, 1911) Linus Pauling (Química, 1954 e Paz, 1962) e Frederick Sanger (dois prêmios de Química, em 1958 e 1980). Pauling foi o único cientista a ganhar o Nobel duas vezes e sozinho, em ambas. A filha de Marie Curie, Irene Joliot-Curie, recebeu o Nobel de Química em 1935.

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