Fuinha paralisa acelerador de partículas de 27 km de extensão

Animal causou interrupção das operações após mastigar cabo de alta tensão em parte do equipamento localizada perto de Genebra

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Por Fabio de Castro
Atualização:
Equipamento não teve danos graves e logo as operações poderão ser retomadas Foto: REUTERS/Pierre Albouy

Maior, mais complexo e mais caro dos instrumentos científicos já construídos, o Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês), foi temporariamente desligado nesta sexta-feira, 29, por causa de uma fuinha.

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De acordo com o porta-voz do LHC, Arnaud Marsollier, o animal causou a interrupção das operações após mastigar um cabo de alta tensão de um transformador em uma parte do equipamento localizada perto de Genebra, na Suíça. 

O LHC é um acelerador de partículas com 27 quilômetros de extensão, construído no subsolo, entre a França e a Suíça, para realizar pesquisas em física de partículas. Construído pelo Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern, na sigla em francês), o LHC levou mais de 10 anos e custou mais de US$ 7,5 bilhões. 

Segundo Marsollier, “a fuinha morreu na hora e sobraram poucos restos dela”. Um relatório publicado na tarde desta sexta pelo LHC revela que a fuinha foi fulminada com um choque de mais de 66 mil volts.

Marsollier revelou ao jornal britânico The Independent que as operações do LHC foram suspensas porque, ao invadir o transformador, que é um dos componentes de alimentação da máquina, o animal desencadeou um curto-circuito e uma “severa queda de energia elétrica” nas primeiras horas da madrugada desta sexta.

Segundo Marsollier, o LHC estava em pleno funcionamento quando aconteceu o incidente. O acelerador estava coletando novos dados sobre o bóson de Higgs, uma partícula fundamental descoberta em junho de 2012 e apelidada de “partícula de Deus”. O equipamento tem a função de colidir partículas no nível mais alto de energia já atingido, a fim de simular as condições presentes na época do nascimento do Universo, há quase 14 bilhões de anos.

Marsollier afirmou, no entanto, que a fuinha não entrou nos túneis que compõem o laboratório, apenas nas instalações elétricas. Segundo o porta-voz, serão necessários alguns dias para que os técnicos do LHC consertem os danos causados pela fuinha, mas o equipamento não teve danos graves e logo as operações poderão ser retomadas.

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“O LHC foi desenhado, evidentemente, para lidar com cortes de energia”, afirmou.

Pedaço de pão. O incidente remete aos relatos de um corte de energia no LHC em 2009, quando um pássaro em voo deixou cair um pedaço de pão sobre a máquina. O LHC ficou mais de um ano parado por causa de uma grave avaria ocorrida dez dias depois de começar seus trabalhos, em setembro de 2008, e o incidente com a ave quase atrasou a retomada das operações.

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