Morre Wilkins, o primeiro a revelar dupla hélice do DNA

Foi ele quem obteve um raio X da dupla hélice do DNA, que permitiria a Crick e Watson montar o modelo definitivo

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Por Agencia Estado
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O cientista Maurice Wilkins, Nobel de Medicina em 1962 e um dos pais da moderna genética, morreu na terça-feira aos 88 anos. Ele ainda estava participando regularmente da direção da King´s College London. Wilkins foi quem mostrou a James Watson a imagem de um raio X na qual se podia ver a forma de dupla hélice da molécula de DNA. A partir dali, Francis Crick e Watson puderam montar o modelo definitivo que, em 28 de fevereiro de 1953, inaugurava a era da biologia molecular. Os três foram laureados com o Nobel de 1962. A imagem de raio X havia sido obtida por Wilkins junto com a biofísica Rosalind Franklin, mas ela havia morrido em 1958. "Maurice Wilkins era figura central em uma das maiores descobertas científicas do século 20 (...), mas sua generosidade e extrema modéstia permitiu a outros compartilhar o prêmio (Nobel)", afirmou Matt Ridley, autor do livro Genoma. "Wilkins não teve o crédito que merecia pelas suas descobertas que revolucionaram a ciência", disse Stephen Minger, professor de ciências biomédicas da King´s College London, onde Wilkins obteve a primeira imagem em raio X do DNA. Guerra Para Watson, o único dos quatro que ainda vive - Crick morreu em julho, também aos 88 anos - Wilkins era um "cientistas muito inteligente, com uma preocupação profunda para que a ciência fosse usada em benefícios da sociedade", que "começou quando ele era jovem, quando presenciou as atrocidades da guerra, e continuou ao longo de sua vida". Apesar dessa preocupação com o uso da ciência, Wilkins participou, durante a 2.ª Guerra Mundial, do Projeto Manhattan, o programa americano para a fabricação da bomba atômica. Mais tarde ele se arrependeu e se manifestou com veemência contra a pesquisas e o desenvolvimento de armas nucleares. Depois da guerra, deixou os Estados Unidos e foi ser professor na Universidade escocesa de Saint Andrews, onde estuda o príncipe William da Inglaterra - e em 1963 passou a ensinar na King´s College, onde fez seus importantes experimentos e produziu imagens da forma da molécula do DNA. Trabalho Nascido em 1916, na Nova Zelândia, Wilkins migrou para Inglaterra, onde estudou Física na Universidade de Cambridge, antes de mudar para a de Birmingham. Continuou trabalhando até o dia de sua morte. Apesar da fragilidade física, ele participou ativamente, no ano passado, das celebrações pelo 50.º aniversário do trabalho de Watson e Crick na Universidade de Cambridge. A King´s College London informou, em comunicado no seu site, que o cientista morreu no hospital, cercado de parentes e amigos próximos. Wilkins era casado e tinha dois filhos e duas filhas. Nota do editor: Este texto foi alterado em 07/10/04. Foram incluídos detalhes da vida de Wilkins e depoimentos sobre seu trabalho.

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