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Mudanças climáticas causaram extinção dos peixes-lagartos

Ictiossauros foram extintos há 90 milhões de anos, quase 30 milhões de anos antes da grande extinção em massa que acabou com os dinossauros; estudo revela como eles foram eliminados

Por Fabio de Castro
Atualização:

A extinção dos ictiossauros, répteis marinhos primitivos que lembram os golfinhos, foi causada por mudanças climáticas, de acordo com um novo estudo publicado nesta terça-feira, 8, na revista científica Nature Communications.

Os ictiossauros - palavra derivada do grego que significa "peixe lagarto" - eram répteis pré-históricos marinhos que tinham acestrais terrestres. Eles foram extintos há cerca de 90 milhões de anos, no fim do período Cretáceo.

Na ilustração, dois ictiossauros (Pervushovisaurus bannovkensis) nadam em um ecossistema que se tornaria típico, nas baixas latitudes, no fim do período Cretáceo, com nível do mar mais elevado, temperatura da água maior, novos animais e corais. Foto: Andrey Atuchin

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O fim dos ictiossauros ocorreu 28 milhões de anos antes da grande extinção em massa do Cretáceo, que eliminou os dinossauros da face da terra e abriu caminho para que os mamíferos dominassem as cadeias alimentares.

Até agora, os cientistas atribuíam o fim precoce dos ictiossauros ao aumento da competição com outros répteis marinhos, ou a uma redução das reservas de alimentos. No entanto, estudos recentes sugeriam que os ictiossauros ainda eram diversos e numerosos poucos milhões de anos antes de sua extinção, o que tornava a causa de seu desaparecimento um mistério.

As mudanças climáticas podem ser a resposta, de acordo o novo estudo liderado por Valentin Fischer, da Universidade de Oxford (Reino Unido). A pesquisa também teve participação de cientistas da Universidade de Liège (Bélgica), da Universidade Sorbonne (França) e da Universidade Técnica Saratov (Rússia).

Os pesquisadores utilizaram métodos filogenéticos para estimar a diversidade de ictiossauros ao longo do tempo e correlacionar seus resultados com dados ambientais como a química do oceano e as modificações no nível do mar.

Os cientistas concluíram que havia alta diversidade de ictiossauros no início do Cretáceo e que os últimos espécimes desses peixes-lagartos se caracterizavam por taxas evolucionárias reduzidas. De acordo com eles, as mudanças climáticas foram um dos principais fatores que impulsionaram transformações nos ecossistemas. "Os dados obtidos não eram consistentes com a hipótese de que os ictiossauros perderam a competição para outros répteis e peixes", escreveram os autores.

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Duas fases. O estudo indica, também, que um evento de extinção anterior à grande extinção em massa do Cretáceo, ocorrido há cerca de 100 milhões, reduziu a diversidade de ictiossauros. Com isso, segundo os pesquisadores, o mais provável é que os peixes-lagartos tenham sofrido uma extinção em duas fases.

"Nossos resultados apoiam um crescente corpo de evidências indicando que uma mudança ambiental global resultou em um evento importante que reorganizou profundamente os ecossistemas naquele período", diz o artigo.

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