WASHINGTON - A Agência Espacial dos Estados Unidos (Nasa, na sigla em inglês) inspecionará a região na qual a atmosfera da Terra se encontra com o espaço durante os próximos dois anos para melhorar a compreensão do entorno espacial mais próximo do planeta.
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A agência lançará um espectrógrafo de imagens ultravioletas em um satélite geoestacionário para medir as densidades e temperaturas nas últimas camadas da atmosfera, uma região que foi pouco estudada até o momento.
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"Esta missão é muito importante para poder ter uma imagem mais ampla dessa região, para ser capaz de entender questões que ainda não conseguimos explicar e para colocar em contexto outras descobertas", explicou Richard Eastes, pesquisador principal da missão, batizada de Gold.
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A missão, cujo lançamento está programado para o próximo dia 25 na Guiana Francesa, será a segunda com o objetivo de compreender melhor esta região do espaço nas últimas semanas.
A Nasa lançou uma missão complementar a essa no dia 8 de dezembro, quando enviou ao espaço o satélite Icon para entender como a atmosfera da Terra interage com o espaço próximo e sua influência na confiabilidade dos sinais de comunicação.
A missão Gold, por sua vez, captará imagens e fará medições de uma altitude superior, que serão utilizadas, junto com modelos avançados da termosfera e da ionosfera, para "revolucionar" a compreensão do entorno espacial, segundo Eastes, do Instituto Espacial da Flórida.
Outra cientista encarregada da missão Gold, Sarah Jones, do Goddard Space Flight Center da Nasa, comparou o estudo dos furacões com a interconexão entre estas duas missões espaciais. "Para estudar furacões, devemos usar um satélite meteorológico para rastrear como o ciclone está se movimentando através do oceano, mas para obter informações mais detalhadas, é necessário voar com um avião através da tempestade."
"A missão Golf seria o mesmo que o satélite meteorológico, enquanto o satélite Icon seria o avião", acrescentou a especialista.
O limite entre a atmosfera terrestre e o espaço exterior é uma região historicamente difícil de ser observada e pouca compreendida, que responde tanto à atmosfera inferior em sua parte mais baixa, como ao caos do clima espacial na parte de cima.
Nesse sentido, o diretor-associado da divisão de Ciência de Heliofísica no Goddard Space Flight Center da Nasa, Alex Young, indicou que a possibilidade de fazer duas missões de maneira simultânea, partindo de diferentes enfoques, para conhecer melhor os limites da atmosfera é "emocionante".
"Esta é a melhor maneira de estudar heliofísica: com uma visão remota de alta qualidade e com um aparelho voando no meio", enfatizou Young.
Determinar como as tempestades geomagnéticas alteram a temperatura e a composição da termosfera da Terra e analisar a resposta em escala global dessa camada da atmosfera às variações solares são dois dos maiores objetivos desta missão.
Além disso, os cientistas pretendem investigar a importância das ondas atmosféricas e das marés que se propagam da Terra sobre a estrutura da temperatura da termosfera.
"No passado, acreditava-se que esta região fosse afetada principalmente pelo Sol, mas, nos últimos dez anos, surgiram evidências que indicam que o que acontece embaixo tem muita relevância também", relatou Jones.
Segundo explicaram os especialistas, a missão Gold consiste em um instrumento do tamanho aproximado de uma pequena geladeira que voará a bordo de um satélite comercial de comunicações, o SES-14, convertendo-se assim na primeira missão científica da Nasa a fazer isto desta forma. /EFE