Novo composto reverte deficiências do Alzheimer em ratos, revela pesquisa

TC-2153 inibiu efeitos negativos de proteína que regula funções de aprendizado e memória. Estudo foi publicado no PLoS Biology 

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Por Fabiana Cambricoli
Atualização:

SÃO PAULO - Um componente medicinal descoberto por pesquisadores americanos e testado em camundongos mostrou-se capaz de reverter perdas de funções cognitivas causadas pelo Alzheimer, mostra um estudo publicado nesta terça-feira, 5, no periódico científico PLoS Biology.

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Cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Yale, uma das mais renomadas dos Estados Unidos, verificaram que o componente batizado de TC-2153 inibiu os efeitos negativos de uma proteína que regula as funções de aprendizado e memória, revertendo, assim, deficiências provocadas pela doença.

Segundo o estudo, altos níveis da proteína chamada Step no cérebro podem anular a ação de outras substâncias essenciais para o bom funcionamento do órgão. Diante disso, os cientistas estudaram por cinco anos milhares de moléculas até chegar a uma que pudesse inibir os efeitos da proteína Step.

De acordo com os pesquisadores, uma única dose do composto TC-2153 melhorou a função cognitiva dos animais. Em várias tarefas propostas, a performance dos camundongos com problemas cognitivos foi igual a do grupo de animais saudáveis.

Agora, os pesquisadores estão testando o composto em outros animais, como macacos, e caso o bom resultado se repita, a droga poderá ser testada para melhorar as funções cognitivas em humanos.

Embrionário. Para Cícero Galli Coimbra, professor de neurologia e neurociências da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ainda é cedo para associar os resultados do estudo a um possível remédio contra o Alzheimer. "Muitas drogas que foram bem-sucedidas em estudos com camundongos fracassaram em humanos. Além disso, a causa da doença é multifatorial, não é só genético e biológico, está relacionado com fatores emocionais também", disse. "Por isso, não se pode pensar que uma pílula será a solução de todo o problema."

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O neurologista João Pereira Leite, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP), destaca a importância desse tipo de estudo, mesmo que sua aplicação clínica ainda esteja distante. "A doença de Alzheimer tem sido intensamente investigada, com o uso de modelos animais. Cada um desses estudos traz contribuições importantes para o futuro desenvolvimento de tratamentos e fármacos", disse.

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