O banho rápido e o apoio virtual

 Já imaginou reduzir o gasto de um banho de 15 minutos para apenas 3? A idéia é de Milton Akio Sakurai, de 45 anos. Ele criou dispositivo que retém água num compartimento, para que o uso seja feito em "doses" certas. Basta dar um toque no fecho, que a água cai. Hoje, a invenção está em processo de obtenção de patente graças às redes sociais, que possibilitaram Sakurai, então no Japão, encontrar no Brasil a Associação Nacional dos Inventores (ANI).

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Por Letícia Marçal Russo e aluna da Pontifícia Universidade Católica de Campinas
Atualização:

"Quando eu morava no Japão, precisava economizar", explica. "Então desenvolvi o Eco-banho para ter economia de água no banho, ao lavar louça e roupa." Por meio da internet, ele chegou à ANI e apresentou seu invento para que pudesse servir a outras pessoas.

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A Associação usa as redes sociais desde 2010. É uma via de mão dupla, conta Daniela Mazzei, gerente da ANI: "Nós temos retornos de inventores que nos acham através das mídias sociais e de empresários que visualizam uma invenção pela internet e se interessam pelo produto."

Contexto - A rede social é uma necessidade consequente de mudanças socioculturais. Rodrigo Esteves Tafner, professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), esclarece: "Na web 1.0, o conteúdo era fixo. Mas os internautas queriam interagir. A mídia social, própria da web 2.0, veio para suprir a exigência gerada por uma modificação no modo de se relacionar."

Essa ferramenta alterou o contexto econômico do universo empreendedor. "Antigamente, você brigava por aquela esquina em que passava muita gente. Aquela esquina cara", diz o professor. Hoje, a esquina são as redes sociais. O acesso a ela coloca os pequenos e grandes empreendedores em um patamar de igualdade em relação à exposição de idéias, já que os custos de uso das redes são ínfimos se comparados à publicidade gasta nas grandes mídias.

No mundo offline, a informação é empurrada. Na web, o usuário vai atrás do conhecimento que ele quer. O que dá grandiosidade a um produto não é mais o poder econômico do criador. "O invento de Sakurai pode concorrer com um produto das Casas Bahia. Basta que alguém, navegando na rede, se identifique com a ideia", exemplifica Tafner.

A pesquisa TIC Domicílios 2010, do Comitê Gestor da Internet no Brasil, revelou que não há classes nas redes socais. Ao mapear os internautas, descobriu-se que 68% da classe A, 69% da classe B, 70% da classe C e 67% da classe D/E acessam redes sociais, blogs ou fóruns. Todos estão presentes na rede e todos têm a oportunidade de expressar pensamentos. As mídias sociais são instrumentos de divulgação, troca e criação de novas ideias. "É o terreno fértil para o empreendedorismo", diz Tafner. 

Objeto de pesquisa - As comunidades do Orkut contemplam desde amantes do Ford Maverick aos interessados por bigodes. "Se eu tenho uma fábrica de pentes, por exemplo, e pesquiso na rede que homens de bigode reclamam que os pentes são muito grandes para arrumá-lo, vou produzir um pente menor", comenta Tafner, que pergunta: "Quando alguém saberia disso, se não fossem pelas redes sociais?" As redes servem como instrumentos para encontrar nichos de mercado que pesquisas fora da web, além de caras, talvez jamais alcançariam.

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Alerta - Num contexto de constantes mudanças, toma forma a web 3.0, a internet inteligente. O Orkut se torna obsoleto, para que o Facebook seja interessante e, logo à frente, deixe de ser. "As redes sociais têm que se reinventar, para conquistar o homem, que, em meio aos instrumentos tecnológicos, tornou-se o centro das atenções", relata Tafner. "As ferramentas estão a serviço das criações do homem e da sua necessidade de se comunicar e se relacionar." Na "terra de ninguém", o alguém é aquele que tem uma boa idéia.

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