O mundo como você não o vê

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Por Redação
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Imagine só: uma pessoa daltônica não é capaz de enxergar todas as cores que uma pessoa "normal" enxerga. Algumas não enxergam o verde, outras não enxergam o vermelho e algumas não enxergam o azul, dependendo do tipo de célula receptora que estiver faltando na sua retina. As cores estão lá, sendo refletidas normalmente, mas o olho da pessoa daltônica, por causa de uma célula a menos (do tipo chamado cone), não é capaz de enxergá-las.   O que me faz perguntar: qual é a cor verdadeira das coisas? Nós nos acostumamos a ver o mundo de uma certa maneira porque é assim que a nossa estrutura biológica ocular nos permite enxergá-lo. Mas há muitos tipos de olhos e muitas outras maneiras de ver o mundo por aí.   Nós sabemos que o daltônico está deixando de enxergar uma determinada cor do espectro luminoso porque é uma cor que a maioria das pessoas consegue ver. Portanto, sabemos que ela "existe". Mas e se todos nós tivéssemos apenas dois cones em vez de três nas nossas retinas? Como saberíamos que o verde, o vermelho ou o azul existem? Ser daltônico é que seria ser normal! E se tivéssemos ainda mais tipos de cones, como é que veríamos o mundo? Em alta definição, como a imagem das TVs modernas?   A cor de um objeto qualquer é determinada pelo tipo de luz que ele reflete, e que é percebida pelas células fotorreceptoras da nossa retina, chamadas cones. (Há também os bastonetes, que são usados para visão noturna, mas para falar das cores vamos focar apenas nos cones por enquanto.)   A luz visível (assim chamada por que é a única que nós conseguimos enxergar) é apenas um pedacinho do espectro eletromagnético (luminoso) de radiação que permeia o universo. Esse espectro vai dos raios gama (de freqüência muito alta) às ondas de rádio (de freqüência muito baixa), passando pelos raios X, radiação ultravioleta, radiação infravermelha e microondas. Estão todas por aí, viajando pelo espaço e atravessando nossos corpos. O Sol, por exemplo, produz um monte de radiação ultravioleta, que chega até a Terra e queima nossa pele na praia, mas que é invisível para os nossos olhos.   Cada cor que enxergamos é um raio de luz com uma freqüência de onda específica, que varia entre 400 nanômetros (azul) e 700 nanômetros (vermelho). Nós, seres humanos e outros primatas, temos visão tricromática, o que significa que temos três tipos de cones no fundo dos nossos olhos, cada um deles adaptado para absorver uma frequência específica de radiação luminosa: azul, verde e vermelho - as cores fundamentais que dão origem a todas as outras cores.   O daltonismo é uma doença congênita, em que a pessoa nasce com um tipo de cone a menos. Parece estranho, mas há muitos animais, inclusive mamíferos, que também só possuem dois tipos de cones - chamada visão dicromática, em vez de tricromática. E eles não vêem nada de errado nisso!   Da mesma forma, há animais - como alguns pássaros e insetos - que são capazes de enxergar radiação ultravioleta ou infravermelha. Há também olhos sem cones, que só enxergam em branco e preto. Eles vêem o mundo com uma coloração diferente da nossa. Mas quem é que está certo? Qual é a cor "verdadeira" das coisas?   Depende do ponto de vista do observador, por assim dizer. Pense nisso a próxima vez que olhar para um arco-íris.

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