Padre quer cobrar multa por atraso em casamento no PR

'Fui aplaudido de pé', afirma o pároco da igreja sobre decisão em Apucarana, no interior

PUBLICIDADE

Por Evandro Fadel - O Estado de S. Paulo
Atualização:

CURITIBA - Noivos que se atrasarem para o casamento na Catedral Nossa Senhora de Lourdes, em Apucarana (PR), sem justificativa aceitável, poderão pagar multa de R$ 500. A ideia está sendo estudada pelo pároco da igreja, monsenhor Roberto Carrara, de 71 anos. Ele disse ter conversado sobre o tema com a comunidade em missas.

 

PUBLICIDADE

"Fui aplaudido em pé", afirmou o padre. Isso teria acontecido no último domingo, quando estavam presentes cerca de 1,3 mil pessoas. Segundo ele, a situação de atraso não incomoda apenas os religiosos, mas também os convidados. "Tem noiva que está achando chique chegar atrasada, e é mais de uma hora, deixando 700 pessoas esperando durante todo esse tempo", afirmou. "O padre também tem outros compromissos e outros casamentos para celebrar", acrescentou. Se a ideia avançar, o padre admite tolerância de cerca de 15 minutos. "Mas sou muito radical nessa questão de horário", destacou.

 

O monsenhor disse que a ideia ganhou força quando uma noiva teria espalhado entre convidados que atrasaria em uma hora a chegada à igreja. "Eu a chamei e disse-lhe que tinha compromissos logo depois do casamento", afirmou. "Ela negou e disse que não era verdade o que diziam, mas no dia do casamento chegou com uma hora de atraso". Carrara não se negou a celebrar. "Mas pedi desculpas e fiz só o essencial do casamento, dispensando outras coisas, como alguns cantos", explicou.

 

Ele afirmou que, em princípio, é contrário à cobrança da multa que está estudando, até porque a igreja já recebe o dízimo. "Não é o que queria, mas estou sendo forçado pela situação", ponderou. De acordo com o padre, "mexer no bolso" das pessoas faz com que tomem atitudes diferentes. Caso a decisão pela cobrança seja tomada, os noivos deverão deixar um cheque-caução já no momento em que forem marcar o casamento na catedral. Se chegarem no horário combinado, o cheque será devolvido imediatamente.

 

Além de disciplinar o horário, o padre pretende que o sentido do sacramento do matrimônio seja resgatado. "No curso de noivos já tocamos nesse assunto", disse. "O matrimônio na igreja não é um ato social, não é um desfile, mas um ato religioso. Não estamos ali assistindo ao casamento, mas participando". Hoje, monsenhor Carrara atendeu a vários meios de comunicação que queriam informações sobre a novidade e admitiu que não esperava que a repercussão fosse tão grande. O bispo da diocese de Apucarana, dom Celso Antonio Marchiori, foi procurado, mas estava viajando.

 

O município de Apucarana, no norte do Paraná, possui 120.884 habitantes, de acordo com o Censo IBGE 2010. Nele estão instaladas 14 paróquias católicas. Na Catedral Nossa Senhora de Lourdes são realizados, em média, seis casamentos por mês.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.