CIDADE DO VATICANO - O papa Bento XVI disse nesta quarta-feira, 4, que é útil uma discussão teológica saudável na Igreja, mas que não chegue ao magistério, que permanece como um ponto de referência.
Veja também:
Na tradicional audiência geral das quartas-feiras na Praça de São Pedro do Vaticano, diante de 35 mil pessoas, o papa insistiu em sua catequese no equilíbrio entre a arquitetura da fé e os instrumentos interpretativos que faltam.
"É o magistério que tem que exercitar o guia que lhe é próprio para salvaguardar os fiéis mais simples e humildes", afirmou.
Bento XVI deu como exemplo as disputas entre Bernardo di Chiaravalle e o monge Abelardo do século XII, que apresentou como um confronto entre a "teologia do coração" e a "teologia da razão".
A teologia - lembrou - é a busca da compreensão racional dos mistérios da revelação cristã acreditados pela fé.
"Bernardo colocava, sobretudo, a ênfase na fé, enquanto Abelardo, em direção à razão", disse.
Para Bernardo, "a teologia tinha um único objetivo: promover o conhecimento e o amor de Deus", e, segundo o papa, "só podia se nutrir da reza contemplativa".
Bernardo rebateu o exame crítico da razão proposto por Abelardo, porque, para ele, era um perigo "à intelectualidade", uma audácia que pode prejudicar quem pretende entender a Deus, ressaltou o papa.
A discussão entre os dois teólogos do século XII terminou com uma verdadeira reconciliação, "prevaleceu a salvaguarda da Igreja que faz triunfar a verdade na caridade".
"Que também hoje esta seja a atitude com a qual se discuta na Igreja, e que tenha sempre como meta a busca da verdade", afirmou.