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Polícia Federal prende quadrilha que fraudou exames da OAB em 2009

Organização criminosa forneceu respostas a candidatos antes da prova; 69 pessoas tiveram prisão decretada

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Por Redação
Atualização:

A Polícia Federal informou nesta quarta-feira que concluiu a investigação de fraude à primeira fase de três exames da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) aplicados em 2009. Segundo as investigações, 152 candidatos tiveram acesso antecipado às respostas do exame e 1.076 “colaram” na prova.

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Ficou constatado que 19 candidatos fraudaram o exame 2009.1, aplicado no dia 17 de maio de 2009; 76 fraudaram o exame 2009.2, aplicado em 13 de setembro de 2009, e 57 fraudaram o exame 2009.3, aplicado em 17 de janeiro de 2010. Os fraudadores tiveram acesso privilegiado às respostas da prova, que foi desviada pela organização criminosa desbaratada na operação policial.

Para a auditagem dos dados dos três exames a Polícia contou com o auxílio do Sistema de Prospecção e Análise de Desvios em Exames (SPADE). O software foi desenvolvido no curso da Operação Tormenta para rastrear desvios entre as respostas dos candidatos e apontar quais apresentam maiores probabilidades de terem se beneficiado da fraude. Paralelamente, peritos criminais elaboram laudo pericial com análise estatística dos resultados.

O sistema também identificou os 1.076 candidatos que “colaram” na prova: 190 no exame 2009.1; 527 no exame 2009.2 e 359 candidatos no exame 2009.3. Eles não recorreram à organização criminosa, segundo a Polícia Federal, mas foram apontados pelos peritos criminais como fraudadores.

A equipe de investigação cruzou as informações do laudo com dados fornecidos Universidade de Brasília (UNB), que realizou os exames,e constatou que todos os candidatos que “colaram” fizeram a prova na mesma sala. A investigação contou com o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Os criminosos estão respondendo por vários crimes, como formação de quadrilha, estelionato qualificado, receptação, corrupção ativa e passiva, dentre outros.

Entenda a Operação Tormenta. A investigação teve início com a denúncia de que um dos candidatos do concurso para o cargo de agente de polícia federal do ano de 2009 teve acesso ao caderno de questões da prova às vésperas de sua aplicação, beneficiando-se disso em detrimento dos seus concorrentes.

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Segundo a Polícia Federal, confirmou-se logo no início dos trabalhos que o desvio do caderno de questões da prova de agente federal não foi um fato isolado e que várias outras provas do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (CESPE/UNB) e de outros órgãos foram desviadas.

Além da fraude aos exames da OAB aplicados no ano de 2009, também foram fraudados pela organização criminosa os concursos de agente de polícia federal de 2004, de delegado de polícia federal de 2004, de agente e escrivão de polícia federal em 2001, de auditor-fiscal da Receita Federal de 1994, de agente e oficial de inteligência da ABIN de 2008, de analista e técnico administrativo da ANAC de 2009, dentre outros. 

Na operação foram expedidos 33 mandados de busca e apreensão, 25 mandados de prisão temporária e 44 mandados de prisão preventiva. Até o momento foram indiciadas 282 pessoas, e 62 servidores foram afastados ou impedidos de tomar posse. Os bens de 18 pessoas foram apreendidos.

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