Polonês diz que pode devolver fóssil brasileiro suspeito de ter sido roubado

Autor de pesquisa sobre ancestral dos lagartos com má-formação na espinha, feito com material suspeito de ter sido contrabandeado do Paraná, diz que material pode ter saído do Brasil como presente para embaixada polonesa

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Por Giovana Girardi
Atualização:

Os pesquisadores poloneses que publicaram há duas semanas um estudo sobre um fóssil de réptil encontrado no Paraná – e que é suspeito de ter sido levado ilegalmente do Brasil – disseram que não hesitariam em devolver o material se esta for a decisão oficial das autoridades brasileiras.

O pesquisador Tomasz Szczygielski, da Academia Polonesa de Ciências, líder do trabalho que descreveu um fóssil de réptil com o mais antigo sinal já encontrado de escoliose na espinha, respondeu nesta terça-feira, 3, à solicitação de esclarecimentos feita pelo Estado.

Estudo com fóssil de um réptil encontrado no Paraná mostra que ele tem sinais de escoliose. Material pode ter sido contrabandeado para fora do País e foi usado em pesquisa na Polônia Foto: Tomasz Szczygielski

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Por e-mail, disse que ele e colegas estão “tratando o assunto com muita seriedade” e declarou não ter ocorrido “má intenção em relação à propriedade do espécime”.

Segundo ele explicou, o fóssil quase completo de um mesossauro (ancestral dos répteis) da espécie Stereosternum tumidum descrito no trabalho foi adquirido pelo Instituto de Paleobiologia da Polônia há mais de 20 anos e que por isso vendo sido difícil rastrear sua história. 

“Nenhum dos autores do estudo afiliados ao instituto estava trabalhando no órgão naquela época. A única informação sobre a origem do espécime que tivemos enquanto preparávamos o estudo veio de uma breve nota na tese de mestrado da Agnieszka Kapuscinska”, disse Szczygielski. Ele se à colega que também assina o estudo e havia anteriormente feito a identificação da espécie. 

“Como descobrimos recentemente, graças a um professor aposentado do instituto, o espécime foi transferido para a coleção do instituto pela mãe de um ex-embaixador da Polônia no Brasil. Presume-se que foi um presente adquirido em conexão com a atividade diplomática da embaixada”, continuou o pesquisador. 

Segundo ele, o “instituto rotineiramente exige que todos os seus espécimes estrangeiros sejam legalmente importados”. E finalizou falando que tem “total respeito às leis brasileiras relativas ao comércio de fósseis” e que não hesitariam “em devolver esse fóssil a uma instituição pública no Brasil se esta for a decisão oficial das autoridades brasileiras”.

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A reportagem enviou a resposta de Szczygielski ao presidente da Sociedade Brasileira de Paleontologia, Renato Ghilardi, que disse ainda não ter recebido nenhum comunicado oficial da revista científica PLoS ONE, onde o trabalho foi publicado, nem dos autores poloneses.

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