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Primeiro teste do sucessor do ônibus espacial é bem-sucedido

Teste de voo do novo foguete está prevsito para outubro, mas tecnologia talvez nunca venha a ser usada

Por Carlos Orsi
Atualização:

A Nasa e a empresa de tecnologia aeroespacial ATK realizaram, com sucesso, o teste do primeiro estágio de seu novo modelo do foguete tripulado, o Ares I. O estágio, de 50 metros de comprimento e quatro metros de diâmetro, é a principal peça de propulsão da nova arquitetura projetada para substituir os ônibus espaciais na tarefa de levar astronautas à órbita terrestre na próxima década. Uma tentativa anterior de teste havia sido cancelada em agosto, por uma falha de geração de energia.

 

 

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Mais de 650 canais de dados coletaram as informações do teste que foi acompanhado no local, no deserto de Utah, por uma multidão de aficionados e transmitido, ao vivo, pela internet. "Temos ignição", disse o comentarista da TV Nasa, quando a contagem regressiva chegou a zero. Um teste de voo de um foguete Ares I está previsto para o final de outubro.

 

"Tudo parece normal após a queima", acrescentou o comentarista, após o final do teste. A queima durou cerca de 2 minutos, e as chamas, projetadas numa cauda visível à distância, foram expelidas a três vezes a velocidade do som. As areias próximas ao foguete foram vitrificadas pelo calor.

 

A despeito do teste bem-sucedido, o projeto, que já consumiu bilhões de dólares, pode não ter futuro. Nesta semana foi entregue à Casa Branca um resumo executivo do relatório sobre exploração espacial elaborado por um comitê independente nomeado pelo presidente Barack Obama. O relatório conclui que o arcabouço dentro do qual o Ares foi criado - um plano para o retorno de astronautas à Lua até 2020 e o subsequente avanço rumo a Marte - é impraticável com o nível atual de financiamento da Nasa.

 

O texto oferece opções ao presidente Obama, mas diz que os planos terão de mudar. Há cinco anos, o presidente George W. Bush havia definido a meta de um retorno à Lua até 2020. Para liberar a verba necessária, ele havia proposto aposentar os ônibus espaciais a partir de 2010 e abandonar a Estação Espacial Internacional (ISS) em 2015.

 

Todos esses prazos precisam mudar, disse o comitê. E a exploração espacial funcionaria melhor com parceiros internacionais e a iniciativa privada. O comitê, presidido pelo ex-executivo da Lockheed Martin Norman Augustine, incluiu ex-astronautas, cientistas e administradores. O resumo do relatório foi publicado na internet nesta terça-feira, 8.

 

O plano de Bush previa uma viagem à Lua, que serviria de treino para viagens a Marte. O comitê concorda que Marte deve ser o objetivo final, mas disse que ir à Lua primeiro é apenas uma opção entre muitas, e talvez nem a melhor.  O comitê enfatizou o que chama de "caminho flexível", que envolve a exploração de asteroides que passam perto da Terra e das luas de Marte. O comitê também concluiu que não é realista aposentar os ônibus espaciais no fim do ano fiscal 2010, como o governo Bush havia determinado. Também disse que é "desaconselhável" abandonar a ISS em 2015, após 25 anos de trabalho para projetá-la e construí-la e apenas cinco anos de uso pleno.

Uma vez que os ônibus espaciais sejam aposentados, poderão se passar outros seis ou sete anos até que os EUA voltem a ter um meio próprio para levar astronautas ao espaço, estima o texto, citando atrasos no desenvolvimento da família Ares de foguetes.

 

O comitê também pede que a Nasa contrate empresas privadas para levar astronautas à ISS e a outros destinos mais próximos da Terra, liberando assim os recursos da agência espacial para preparar viagens para destinos mais significativos.

 

Essa opção, especificamente, poderia levar ao abandono dos foguetes Ares I e à adoção de um modelo alternativo, derivado do ônibus espacial, ou de um foco exclusivo no modelo de foguete Ares V, projetado para ter maior capacidade de deslocamento de massa ao espaço.

 

(com Associated Press)

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