Restaurantes e boates lotam após os trabalhos

De comitivas com forte esquema de segurança que vão a restaurantes luxuosos a indígenas que ficam em botecos, há opções noturnas para todos

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Por Clarissa Thomé e do Rio
Atualização:

 Nem só se debates áridos e negociações difíceis é feita a Rio+20. Encerrados os trabalhos nas salas de reuniões do Riocentro e as atividades da Cúpula dos Povos, os visitantes se espalham pela cidade em busca de diversão. E tem espaço para todos - das comitivas protegidas por batedores da Polícia Rodoviária Federal, que se dirigem aos restaurantes mais luxuosos, aos indígenas, que elegeram como point um boteco a 200 metros do sambódromo, onde estão acampados. Na noite de quarta-feira, mais de 50 deles cercavam a televisão para acompanhar a partida entre Corinthians e Santos. Nas mesas, dezenas de garrafas de cerveja. Vibraram com o gol de Neymar, mas não gostaram da aproximação dos repórteres do Estado. "Vaza daqui. Não tem nada para vocês fotografarem aqui", gritou um deles. Dois acompanharam os repórteres para garantir que seguiriam em direção ao carro. "Eles bebem bem e nem têm ressaca. De manhã, sai todo mundo cedo para o Aterro", comentou um vendedor ambulante, que aproveitou o movimento e levou um isopor com cervejas para a frente do bar. Perto dali, o grupo Boemia Carioca embalava com sambas de Chico Buarque, Paulinho da Viola e Nelson Cavaquinho a noite no Rio Scenarium, misto de bar e antiquário que ganhou fama, na Lapa. Era fácil perceber quem tinha saído do Riocentro: os homens vestiam camisas sociais ou ternos Muitos carregavam o crachá de identificação pendurado no pescoço. Poucos eram os estrangeiros que se arriscavam na pista de dança. Os menos tímidos, limitavam-se a balançar os ombros. Chamava a atenção a performance do músico e ativista ecológico Tetra Tanizaki, vice-presidente da ONG Earth Summit 2012 Japan. Dançava desengonçado e, ao mesmo tempo, fazia fotos com um tripé. "O mais importante da Rio+20 são as pessoas que vieram para a conferência. É fantástico o que estão fazendo aqui. Todos unidos por um futuro melhor", dizia, entre goles de caipirinha, mostrando as fotos que fez de todas as manifestações que acompanhou. Quando não estava dançando, Tanizaki postava as fotos do Rio Scenarium no Facebook. "Música ao vivo para dançar no Brasil: palatável", comentou. A taiwanesa Annie Lee tinha viagem marcada para a noite de quarta-feira, mas fez questão de conhecer a Lapa, antes de voltar para casa, depois de passar quatro dias no Rio para o lançamento do filme Planet Ocean. "Foi incrível, a Lapa é um lugar único. Mas são muito poucos os que falam inglês. É um pouco frustrante não conseguir se comunicar", queixou-se. Se na Lapa os estrangeiros chegavam em táxis ou vans, geralmente em grupos, em alguns lugares a movimentação das comitivas chamou a atenção dos frequentadores. Foi o caso da delegação da Hungria, que se reuniu para jantar na churrascaria Porcão Rios, no Aterro do Flamengo. Com batedores e sirenes ligadas, além de seguranças particulares, a comitiva causou curiosidade em quem estava no local. Um funcionário contou que o movimento começou a aumentar esta semana, com a vinda de chefes de estado. Já os franceses foram mais discretos - escolheram o La Fiorentina, no Leme, na zona sul. Chegaram sem alarde, jantaram cedo e saíram logo depois. Em Copacabana, o Balcony, bar que ganhou fama por se tornar a referência para as garotas de programa, depois do fechamento da Help, ficou cheio a noite toda. Mas as meninas reclamavam que a noite estava fraca. "Só tem indiano, africano, todos sem dinheiro. Bom é alemão, que não fica pedindo desconto", disse uma jovem. As moças ficam concentradas - com seus mini-vestidos, apesar da chuva fina e da noite fria - no espaço entre o balcão e uma área coberta, onde estão as mesas. Todas ocupadas. Há muito clima de paquera. "Senti que rolou uma liga com o gringo ali. Mas ele não pode sair hoje. Está esperando o chefe, que está lá dentro", diz uma garota, enquanto aponta a boate Dolce Vita, colada ao Balcony. Ela veio de Minas Gerais só para a "riovinte", mas acha que não valeu a pena. "Os americanos não apareceram". Podem estar seguindo a recomendação do seu governo - em viagem a Bogotá, no Colômbia, integrantes do Serviço Secreto envolveram-se em briga com prostitutas e foram mandados de volta aos Estados Unidos. Além das boates, casas noturnas e restaurantes, os visitantes experimentaram um típico programa carioca - o futebol no fim de noite. O presidente da Bolívia Evo Morales jogou três partidas de 20 minutos cada, num campo soçaite (a céu aberto e com quadra sintética). Num time formado de seguranças e assessores, marcou gols nas duas primeiras partidas. Os times adversários foram formados por bolivianos que vivem no Rio. Simpático e bem disposto, Evo tirou fotos com as famílias, trocou de camiseta com o capitão de um dos times. Só não quis falar de Rio+20.

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