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À prova de morte

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Por Redação
Atualização:

Fui ver o mais recente filme de Tarantino a estrear no Brasil e, além de sair do cinema com a impressão de que a história teria se beneficiado de um corte de pelo menos meia hora na segunda parte, me vi pensando na física das colisões automobilísticas.

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Tenho um livrinho aqui em casa chamado Gue??timation que contém uma série de cálculos rápidos envolvendo leis e conceitos básicos da física. Um deles trata, exatamente, de uma batida de carro.

Acidentes automobilísticos são perigosos por causa da parada abrupta. Como diz a velha anedota, não é a queda do décimo andar que mata, e sim o contato súbito com o solo.

Deter um corpo em movimento significa mudar sua velocidade -- de fato, significa reduzir sua velocidade a zero. Pelas leis de Newton, o que causa mudança na velocidade de um corpo é a aceleração, e o que produz aceleração é uma força. Quanto maior a aceleração, maior a força necessária para produzi-la.

Uma coisa curiosa sobre aceleração é que ela é inversamente proprcional ao tempo: quanto menos tempo você tiver para fazer uma coisa parar, mais aceleração (e, portanto, mais força) você precisará produzir.

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Assim, a força necessária para parar um carro em 1 segundo é 10 vezes maior que a ncessária para fazer o mesmo em 10 segundos. Esse é um dos motivos pelos quais a frente dos automóveis amassa tanto: para dar ao corpo dos passageiros mais tempo para desacelerar. E não precia ser muito tempo; qualquer fração de segundo entre a parada instantânea do para-choque e a parada no interior do veículo já ajuda.

Uma variação de 0,2 segundo para 0,4 segundo, por exemplo, representa uma redução, pela metade, da força sentida.

O Gue??timation oferece uma análise diferente, usando energia e trabalho -- os autores computam a energia cinética do passageiro e o trabalho necessário para zerá-la. Como trabalho é força multiplicada pela distância em que a força age, o achatamento da frente do automóvel ainda cumpre a função de permitir que a força final seja menor. Mas, neste caso, o que entra na conta é o tanto que o metal se amassa, e não o tempo que ele leva para se amassar.

Em À Prova de Morte, o serial-killer interpretado por Kurt Russell tem um carro em que o compartimento do passageiro é isolado e não dispõe de equipamentos e segurança, como cinto ou airbag. O resultado e que as vítimas se veem à mercê das forças em jogo à medida que o veículo breca ou acelera.

O personagem de Russell é apresentado como um ex-dublê maluco, mas podia bem ser um professor de física psicopata. Isso daria um bom filme.

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