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Armas no espaço?

Quase ninguém notou, parece, mas ontem, durante o primeiro tempo de Brasil e Chile, funcionários da Casa Branca  realizaram uma entrevista coletiva para apresentar a nova política oficial dos Estados Unidos para o uso do espaço além da atmosfera da Terra.

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Por Redação
Atualização:

No Twitter, muita gente ligada ao setor ficou surpresa com o anúncio -- jornalistas foram convidados a participar da coletiva, literalmente, em cima da hora. O pessoal da @NasaWatch disse que foi avisado com "seis minutos de antecedência".

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A estratégia do chamado programa espacial civil -- basicamente, o que a Nasa vai fazer -- já havia sido anunciada pessoalmente, pelo próprio presidente Obama, em abril deste ano. O que a "política espacial" faz é dar mais algumas informações sobre os aspectos diplomáticos e, sim, militares do uso do espaço.

Os pontos que chamam mais atenção são a ênfase em cooperação internacional, a preocupação com os perigos do lixo espacial, a valorização do papel da iniciativa privada e, por último mas não menos importante, a notável mudança de tom em relação àpolítica anterior, divulgada em 2006 e elaborada sob o governo Bush.

Em 2006, a Casa Branca de Bush emitiu um documento prepotente (para não dizer belicoso)anunciando que os EUA se reservavam o direito de "negar acesso ao espaço" a países inimigos e que rejeitariam tratados limitando a opção de levar armas ao espaço.

Em contraste, a política de Obama pede o "uso responsável e pacífico" do espaço por todos e se propõe a, em princípio, discutir tratados de limitação de armas.

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O uso do espaço como base para armas é uma questão antiga, e antecede a delirante Iniciativa de Defesa Estratégica de Ronald Reagan.

 Foto: Estadão

 

Uma doutrina -- acho que articulada pelo escritor de ficção científica Robert A. Heinlein, mas posso estar enganado -- propõe que o espaço é o "terreno elevado definitivo": da mesma forma que um homem com uma metralhadora, no alto de um morro, é capaz de dominar todo o terreno mais baixo ao redor, um país com uma dúzia de bombas em órbita... Bom, dá para ver aonde o raciocínio vai.

Nem todo mundo compra a ideia, no entanto (uma arma desse tipo em órbita, antes de ser uma ameaça, é um ótimo alvo). Mas, hoje em dia,é provável que armas, se forem colocadas no espaço, não venham a ser apontadas paraa Terra, e sim para o próprio espaço, onde poderiam abater a infraestrutura de comunicações, dados, observação e navegação do inimigo.

Em anos recentes, China e EUA flexionaram seus músculos nesse sentido.Em 2008, os Estados Unidos abateram com um míssil um satélite descontrolado que ameaçava cair na Terra.

Embora a iniciativa tenha sido divulgada como uma medida de segurança (para proteger a população da área onde o objeto iria cair e/ou para evitar que equipamentos sensíveis que sobrevivessem à reentrada caíssem em mãos erradas), o feito parece ter sido uma resposta à China, que em 2007 havia testado uma arma para abater satélites.

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