Quando me contaram que havia viagem no tempo envolvida na história,pensei: "Pronto, é isso".
"Isso, o quê?", perguntavam-me os amigos mais envolvidos com o seriado. "A explicação", eu respondia."Explicação do quê?", insistiam. "De tudo", dizia eu.
Acontece que existe um ótimo motivo para que a maioria dos cientistas considere viagens no tempo -- mais especificamente, ao passado -- impossíveis ou, se possíveis, cercadas por limitações e dominadas por circunstâncias especiais.
Aceitar avolta ao passado é o equivalente físico de se aceitar uma contradição na lógica clássica: uma vez que isso seja feito, vale tudo. Qualquer coisa é possível, incluindo o fato e seu oposto. Verdades podem se converter em falsidades, e vice-versa, um número infinito de vezes. A realidade torna-se instável.
(Um bom exemplo disso é o conto All You Zombies, de Robert Heinlein. Para quem já conhece a história ou não tem medo de "spoilers", aqui há uma linha do tempo explicando todas as convolutas conexões entre passado, presente e futuro no interior da narrativa.)
Bom, resumindo: uma vez aberta a possibilidade irrestrita de viagem entre o presente e o passado, qualquer absurdo passa a ter uma explicação em potencial, nem que a explicação seja, em si, um paradoxo. O próprio J.J. Abrams usou o princípio em seu "reboot" de Star Trek.
Mas, pelo que ouvi, não foi via viagem no tempo que se fez a solução de Lost, o que certamente prejudicará mina reputação como palpiteiro.Se tivesse uma máquina do tempo, voltaria ao passado para corrigir isso.