Estadão
19 de maio de 2010 | 16h38
Uma feira na Alemanha está apresentando os mais recentes desenvolvimentos no campo dos robôs de uso militar. Nenhum modelo Terminator em vista, por enquanto; o desafio principal parece ser criar um jipe capaz de guiar-se sozinho, poupando os soldados dos riscos de bombas de beira de estrada e de emboscadas a comboios (ecos da guerra no Iraque e do primeiro Homem de Ferro nesta história).
Robô sensor apresentado na feira. Associated Press
Duas coisas interessantes, que remetem a temas mais ou menos comuns na ficção científica: a primeira é a preocupação em criar robôs para que corram risco no lugar dos soldados.
Acho que é no romance Hyperion, de Dan Simmons, que se narra um linchamento em massa de militares por populações civis revoltadas com o fato de que, nas guerras, só eles, os civis, morriam, enquantos os guerreiros profissionais ficavam em segurança em seus bunkers.
A outra é a dificuldade na criação de inteligências artificiais para os robôs — e nem estou falando de inteligência de nível humano, mas o suficiente para a máquina saber distinguir uma árvore sólida de uma sombra no caminho. Os modelos teleguiados fuincionam bem; os que tentam se autoguiar só dão problema.
Pessoalmente, acho que inteligência é independente do substrato: salvo algum impedimento físico ainda desconhecido, mentes podem existir em silício tanto quanto em matéria orgânica, bastando apenas (mas é um grande “apenas”) que se atinja o grau de sofisticação e complexidade necessário.
A perspectiva mais interessante nisso é que a primeira mente artificial real, se um dia viermos a criar uma, não vai ser uma máquina onisciente como a calamitosamente prevista por Fredric Brown, mas algo mais como um bebê, crescendo em inteligência e em imprevisibilidade à medida que interage com o mundo.
Resta imaginar o que seus criadores vão querer ensinar a ela.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.