Estadão
17 de junho de 2010 | 08h35
A Agência Espacial Europeia (ESA) postou no YouTube um vídeo em que um dos participantes da missão Mars500, que simula uma viagem de 500 dias a Marte, apresenta o interior da “nave espacial”. Ela me fez pensar imediatamente numa versão reduzida da Estação Antártica Comandante Ferraz, mantida pelo Brasil na região da Península Antártica.
É a velha história, suponho, de forma seguindo função: se você precisa manter um grupo de pessoas vivo, mentalmente são e isolado do meio externo, há provavelmente apenas uma meia dúzia de formas de fazer isso direito.
Também resolvi pesquisar que tipo de missão a Marte está pressuposto no design da Mars 500. O press-release da ESA fala em viagem “de “ida” de 250 dias, 30 dias na “superfície marciana” e viagem “de volta” de 230 dias. Isso sugere que os russos e europeus estão pensado uma missão do tipo de oposição, que é possível quando Mate e a Terra estão do mesmo lado do Sol.
Curiosamente, a maioria dos entusiastas do envio de astronautas a Marte considera esse design um tremendo desperdício. Os motivos exatos podem ser vistos aqui, mas basicamente: consome-se muito combustível, expõe-se os astronautas a muita radiação e, no fim, o tempo de exploração de Marte é uma fração mínima da duração total da viagem!
A missão favorecida pelos visionários é a de conjunção, quando
Esse último ponto é a grande vantagem e o grande problema da viagem de conjunção. Deixar a tripulação por 500 dias na superfície marciana (com 6 meses de ida e 6 meses de volta no espaço) é uma fantástica oportunidade científica e um ótimo custo-benefício, mas e se alguém tiver dor de dente, uma crise de apendicite ou perder um membro da família durante a missão? E se dois astronautas começarem a se odiar por volta do dia número 200?
Abaixo, o vídeo da ESA:
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