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Cientistas criam a primeira célula com genoma totalmente artificial

Pesquisadores do Instituto J. Craig Venter inseriram código genético sintetizado em laboratório em uma célula de bactéria.

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Por root
Atualização:

Cientistas do Instituto J. Craig Venter, uma organização sem fins lucrativos de pesquisa genômica, anunciaram hoje a criação de uma célula bacteriana com genoma artificial. A equipe sintetizou mais de um milhão de pares de base cromossômicos de um Mycoplasma mycoides, provando que códigos genéticos podem ser projetados em um computador, produzidos quimicamente em laboratório e depois transplantados em uma célula "receptora", capaz de se replicar.

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"Por quase 15 anos, Ham Smith, Clyde Hutchison e o resto da nossa equipe estiveram trabalhando para esta publicação de hoje, a finalização bem-sucedida do nosso trabalho para construir uma célula bacteriana que é totalmente controlada por um genoma sintético", ressalta J. Craig Venter, fundador e presidente do JCVI e autor sênior do artigo. "Nós temos sido consumidos por esta pesquisa, mas também temos focado igualmente na abordagem das implicações sociais do que acreditamos ser uma das mais poderosas tecnologias e condutores para o bem da sociedade industrial. Aguardamos com expectativa a revisão contínua e o diálogo sobre as importantes aplicações deste trabalho para garantir que ele é usado para o benefício de todos".

De acordo com o pesquisador, as técnicas que levaram à criação da primeira célula sintética podem oferecer o conhecimento necessário para o conjunto de instruções genéticas de uma célula bacteriana e de outros organismos.

Mais de uma década de suor

O genoma sintético completo da M. mycoides foi isolado de outras células de levedura e transplantado em células "recipientes" de Mycoplasma capricolum. O genoma sintético foi então transcrito pelo RNA mensageiro, que por sua vez traduziu a informação para a produção de novas proteínas. O genoma do M. capricolum foi destruído ou perdido durante este processo. Após dois dias, os pesquisadores conseguiram chegar às células contendo apenas código genético criado em laboratório.

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"Para produzir uma célula sintética, o nosso grupo teve de aprender a sequência, sintetizar e transplantar os genomas. Muitos obstáculos tiveram que ser superados, mas estamos agora com a possibilidade de combinar todas estas etapas para produzir células sintéticas em laboratório", acrescentou Daniel Gibson, autor do artigo. "Podemos começar agora a trabalhar o nosso objetivo final de sintetizar uma célula mínima, contendo apenas os genes necessários para sustentar a vida na sua forma mais simples".

O reconhecimento do feito foi possível graças à inserção de marcas d'água no genoma, por meio das quais se consegue provar que o código é sintético e não natural.

O artigo que descreve a descoberta será publicado na Science Expresse e aparece na próxima edição impressa da Science.

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