taniager
23 de setembro de 2010 | 13h33
A pesquisa mostra que imunidade contra doenças prevalece em populações com longas histórias da vida urbana. Crédito: cortesia de Elvin M During/ Universidade de Londres.
Uma variante genética que reduz a chance de contrair doenças como a tuberculose e hanseníase é mais prevalente em populações com longas histórias de vida urbana. Este é o resultado de pesquisa realizada por cientistas da Faculdade da Universidade de Londres UCL e da Royal Holloway da Universidade de Londres e relatada em artigo publicado no periódico Evolution recentemente.
A pesquisa mostra que, em áreas com uma longa história de assentamentos urbanos, os habitantes atuais são mais propensos a possuir a variante genética que oferece a resistência à infecção.
A falta de saneamento e densidade populacional elevada em cidades antigas teriam fornecido um caldo de cultura ideal para a propagação de doenças. De acordo com a seleção natural, os seres humanos deveriam ter desenvolvido resistência às doenças em populações que se mantêm urbanizadas há muito tempo. No entanto, esta associação tem sido muito difícil de avaliar – principalmente pré-história.
Mas agora, cientistas testaram a teoria ao analisar amostras de DNA de 17 populações humanas diferentes vivendo em toda a Europa, Ásia e África. Além disso, eles pesquisaram a literatura arqueológica e histórica em busca dos registros mais antigos da primeira cidade ou assentamento urbano nestas regiões.
Pela comparação das taxas de doenças genéticas com a história urbana, eles mostraram que a exposição aos agentes patogênicos no passado levou à resistência às doenças, resistência que se propagou através das populações, e se disseminou pela transmissão aos descendentes pelos antepassados.
“Os resultados mostram que a variante protetora é encontrada em quase toda gente desde o Oriente Médio a Índia e em partes da Europa onde as cidades têm cerca de milhares de anos”, disse o professor Mark Thomas do departamento de genética, evolução e meio ambiente da UCL.
Segundo Ian Barnes, da Faculdade de Ciências Biológicas da o Royal Holloway, o estudo é um exemplo da evolução em ação. “Ele sinaliza a importância de um aspecto muito recente de nossa evolução como espécie, o desenvolvimento das cidades como uma força seletiva. Ele também poderia ajudar a explicar algumas das diferenças que observamos na resistência às doenças em todo o mundo”.
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