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02 de fevereiro de 2010 | 19h06
Cientistas canadenses do Instituto de Pesquisa Robarts, em colaboração com pesquisadores brasileiros, usaram uma linhagem única de ratos geneticamente modificados para revelar um mecanismo que contribui para a insuficiência cardíaca.
O estudo, conduzido por Marco Prado, Gros Robert Prado, Vania Prado (Europa Ocidental) e Silvia Guatimosim (Brasil), mostra como a diminuição da liberação do neurotransmissor acetilcolina – um mensageiro químico que diminui a atividade cardíaca – pode ser responsável, em partes, pelo problema.
A insuficiência cardíaca afeta mais de 20 milhões de pessoas no mundo. Alguns fatores podem contribuir para o problema: doença coronariana, hipertensão, diabetes e consumo elevado de álcool ou drogas.
Embora o coração possua seus próprios sistemas de controle para bombear o sangue, sem quaisquer influências nervosas, a força do batimento pode ser alterada por impulsos reguladores do sistema nervoso central – conectado ao coração por dois grupos de nervos: o sistema simpático, que aumenta a frequência cardíaca, e o sistema parassimpático, que atrasa a liberação de acetilcolina.
Já se sabia que há aumento de atividade no sistema nervoso simpático em pessoas com insuficiência cardíaca. “O que estamos mostrando agora com este modelo de rato é que, mesmo tendo um sistema nervoso simpático funcional, o coração pode ficar doente em função de um sistema parassimpático anormal”.
Os pesquisadores trabalharam com uma linhagem de ratos geneticamente modificados para diminuírem a secreção de acetilcolina, originalmente usados para experimentos sobre a função neural em doenças como Alzheimer. Entretanto, os cientistas descobriram que o coração desses animais foi transformado também com o tempo: a capacidade de bombear o sangue diminuiu, da mesma forma como a insuficiência cardíaca afeta as pessoas.
A utilização de uma linhagem desse tipo para a pesquisa sobre insuficiência cardíaca é novidade, e pode mostrar melhor a atuação da acetilcolina no organismo. Até agora, os resultados indicam que que a disfunção cardíaca poderia ser corrigida com drogas já existentes (que aumentam os níveis de acetilcolina no organismo).
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