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22 de fevereiro de 2011 | 12h58
A ênfase à natureza infantil encontra seu fundamento, segundo muitos autores e também no senso comum, no processo biológico de desenvolvimento da criança. Sem dúvida, ela é um ser em formação biológica, ainda não plenamente constituída do ponto de vista maturacional. Contudo, o desenvolvimento biológico não corresponde a toda realidade da criança. Mesmo porque o aspecto biológico se caracteriza como um componente do desenvolvimento que sofre as determinações da condição social do indivíduo.
Na verdade, o que caracteriza o homem é sua condição de ser social, o que é em parte determinado pela sua condição biológica, mas não inteiramente.
Na sociedade capitalista, definida pelas relações estabelecidas entre as classes sociais antagônicas, a origem da criança determina uma condição específica de infância, sendo assim, Miranda nos fala que:
“Não existe, portanto, uma natureza infantil, mas uma condição de ser criança, socialmente determinada por fatores que vão do biológico ao sexual, produzindo uma realidade concreta. A representação da infância subjacente às concepções pedagógicas e psicológicas tende a produzir a imagem social de infância de sua época, evoluindo historicamente”.
No convívio da família a criança internaliza padrões de comportamentos, normas e valores de sua realidade social decorrente. Este processo ocorre necessariamente pela mediação do outro, e a presença do outro (um adulto, quase sempre) é veículo para estabelecimento dos vínculos básicos e essenciais entre a criança e o mundo social, através do quais ela passa a se reconhecer e a reconhecer o outro numa relação de reciprocidade.
O adulto é considerado por Vigotsky como um mediador no processo de desenvolvimento da criança e o mesmo, oferece instrumento para a apropriação do conhecimento. Porém a internalização dos recursos disponíveis no ambiente, ocorre de forma individual, variando de uma criança para outra.
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Regiane L. Canoso Lopes é psicóloga, especializada em psicologia junguiana e psicologia hospitalar. Assina esta coluna quinzenalmente. Caso tenha sugestões, críticas ou perguntas, mande um e-mail para rcanoso@cienciadiaria.com.br.
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