Os resultados da pesquisa são animadores porque quase dois terços dos pacientes com leucemia mieloide aguda com mais de 65 anos não recebem tratamento, já que a terapia padrão pode ser arriscada e ineficaz. A taxa de sobrevida é de, em média, apenas um ano e sete meses após o diagnóstico.
Tanto a quimioterapia quanto o transplante de células-tronco podem ser intervenções tóxicas demais para idosos. Além disso, o organismo de uma pessoa mais velha atua de forma diferente, tornando o índice de resposta aos tratamentos convencionais baixo. O risco de recaída é maior e as taxas de cura muito baixas.
A pesquisa foi realizada em três locais: Washington Univesity School of Medicine, Universidade da Califórnia e City of Hope National Medical Center em Duarte. Os pesquisadores testaram a decitabina em 55 pacientes com leucemia mieloide aguda com uma média de 74 anos de idade.
A decitabina pode aumentar a atividade dos genes que foram silenciados em células cancerosas. Ela funciona reduzindo uma parte de DNA afetada pelo grupo metil. Os cientistas pensam que o excesso de metilação (processo natural que ocorre na citosina, uma das quatro bases que compõem o DNA, quando pequenas moléculas chamadas "grupo metil" agem sobre a mesma, tornando o gene inativo) encontrado em células cancerosas desativa genes que normalmente atuam suprimindo o desenvolvimento do tumor.
Todos os pacientes receberam a mesma dose de decitabina por cinco dias consecutivos a cada quatro semanas. Comparado à quimioterapia padrão e transplante de células estaminais, a intervenção foi considerada de baixa intensidade, sendo mais tolerável para pacientes idosos - especialmente aqueles com problemas de acompanhamento médico.
Em 24% dos participantes da pesquisa, as contagens de sangue e medula óssea voltaram ao normal, o que é considerado uma boa resposta ao tratamento. Depois de cerca de quatro períodos e meio a resposta ao tratamento pela decitabina, alguns pacientes tiveram uma resposta completa, com média de sobrevivência de 14 meses.
Agora, os pesquisadores esperam novos resultados da atuação da decitabina. O objetivo é entender melhor como ela atua no organismo, tendo em vista futuras terapias.